SEM-TERRA

Com invasões, CPI e desgaste com governo Lula, MST celebra 18 anos de escola nacional

Construída nos limites do Vale do Paraíba, Escola Nacional Florestan Fernandes é espécie de ‘universidade’ do MST para formar lideranças e militância do Brasil e de outros países

Por Xandu Alves | 29/04/2023 | Tempo de leitura: 2 min
São José dos Campos

Divulgação

A pedagogia da terra. Plantio ideológico.

Antes do ‘Abril Vermelho’, a jornada anual pela reforma agrária do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), outro pilar do movimento completou a maioridade.

A ENFF (Escola Nacional Florestan Fernandes) completou 18 anos em janeiro e neste ano de aniversário, o MST enfrenta a criação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) no Congresso Nacional para apurar atos do grupo e encara desgastes com o governo Lula (PT).

Sobre o governo, o MST afirma que não tem ‘coleira ou focinheira’. “O governo é nosso, nós ajudamos a construir. Mas o MST tem autonomia em relação ao PT e ao governo”, afirmou o coordenador nacional do MST, João Paulo Rodrigues.

Controverso, o MST construiu em Guararema, nos limites do Vale do Paraíba, a ENFF com a estratégia de formar a militância. A campanha de arrecadação para a construção, feita por mil militantes e voluntários, contou com a doação de um CD de Chico Buarque e um livro de Sebastião Salgado, prefaciado pelo escritor José Saramago (1922-2010), chamados ‘Terra’.

UNIVERSIDADE

A ENFF é uma escola de formação do MST que também atende organizações do país e de fora, com cursos específicos. É uma espécie de ‘universidade’ do movimento, embora não formalmente. Para estudar ali, não há inscrição individual. Tem que estar ligado a uma organização coletiva. “É uma escola autônoma e paralela ao sistema de ensino, como uma escola particular do MST. Temos certificados extracurriculares e cursos livres, mas também parcerias com universidades”, disse Rosana Fernandes, coordenadora político-pedagógica da ENFF.

As edificações comportam cerca de 200 pessoas e contam com salas de aula, alojamentos, refeitório e espaços de formação, mais o campo de futebol Dr. Sócrates, inaugurado em dezembro de 2017 com um jogo entre o time de Chico Buarque e o de Lula. Foi neste dia que o petista conheceu Rosângela Silva, a Janja, com quem viria a se casar em 2022.

Segundo Rosana, a escola conta com uma ‘brigada de trabalho’ formada por militantes de 14 estados. “São 72 adultos que trabalham e moram na escola. E outros que são contratados para trabalhos específicos, como portaria e cozinheiras.”

Parte da produção de alimentos é feita na própria escola, que tem horta e pomares. E também em um sítio próximo coordenado pelo MST e de outras unidades do movimento. O financiamento também conta com uma associação de amigos da ENFF.

E se o comunismo virou um xingamento no Brasil nos últimos anos, na ENFF ele é referência na formação.

“Nosso objetivo é formar militantes em uma perspectiva marxista-leninista, com base teórica para diferentes cursos. Há os permanentes para a educação popular, questão agrária, legado de Florestan e o marxismo-leninismo. Mas também cursos para jovens.”

“A luta é a principal formadora da militância, mas a formação é essencial para que o MST se fortaleça e todas as nossas lutas. Não vai acontecer se não tiver a elevação do nível de consciência. Priorizamos o processo de formação político-ideológica”, disse Rosana a OVALE.

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