INTERNACIONAL

Após postura errática, Lula é criticado por EUA e recua em declarações sobre a guerra

Presidente brasileiro disse que Ucrânia e Rússia são responsáveis pela guerra que se arrasta há mais de um ano

Por Da redação | 22/04/2023 | Tempo de leitura: 2 min
São José dos Campos

Divulgação / Ricardo Stuckert / PR

Lula durante visita à China
Lula durante visita à China

A primeira viagem internacional do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fora das Américas causou impactos conflitantes em países aliados e revelou nuances da política externa que deve marcar as relações internacionais do governo.

Lula desembarcou na China em 12 de abril e recebeu as boas-vindas do próprio presidente Xi Jinping, além de uma acalorada recepção.

O petista tinha a missão de reatar relações políticas e diplomáticas com a China após os desgastes do governo Jair Bolsonaro (PL), que entrou em choque com os chineses.

Lula também buscava reposicionar o Brasil como destino de investimentos chineses, avançar em acordos comerciais, tecnológicos e climáticos e discutir possíveis saídas para a guerra entre a Rússia e a Ucrânia.

Nesse último objetivo, Lula vem adotando uma postura errática com declarações que soaram negativamente na Europa e principalmente nos Estados Unidos e obrigaram o petista a mudar de rumo diante da polêmica e da má repercussão.

Tão logo deixou a China e desembarcou nos Emirados Árabes Unidos, em escala de volta da Ásia, o presidente brasileiro disse que "a decisão da guerra foi tomada por dois países", igualando as responsabilidades de Rússia e Ucrânia pelo conflito que dura mais de um ano.

Lula desconsiderou que a Ucrânia foi invadida pela Rússia, movimento bélico amplamente condenado por países democráticos pelo mundo.

A 'escorregada' diplomática de Lula já havia sido dada em janeiro, durante visita do chanceler alemão Olaf Scholz ao Brasil, quando o petista chegou a dizer que a Rússia estava errada em invadir o país vizinho, mas também sinalizou para culpa na própria Ucrânia.

RECUO DIPLOMÁTICO

A afirmação dada nos Emirados Árabes pegou mal nos Estados Unidos e na maior parte da Europa, embora tenha agradado aliados como a China e a Rússia, o que pode revelar uma mudança na postura internacional de Lula mais em direção ao Hemisfério Sul do que o do Norte.

No entanto, tão logo a repercussão internacional esquentou, Lula recuou e tentou amenizar o que tinha dito sobre a guerra na Ucrânia.

Sem citar nominalmente a Rússia, o presidente brasileiro disse, na última terça-feira (18), que o Brasil "condena" a violação territorial da Ucrânia.

A declaração veio após forte pressão e cobrança internacional que Lula sofreu dos EUA e da Europa para que se posicionasse explicitamente sobre a guerra e aumentasse o tom contra Moscou.

"Ao mesmo tempo em que meu governo condena a violação da integridade territorial da Ucrânia, defendemos uma solução política negociada para o conflito", afirmou Lula.

O 'embate de declarações' foi maior com os EUA, segundo maior parceiro comercial do Brasil, atrás apenas da China.

Lula chegou a dizer que os Estados Unidos e Europa contribuem para a continuidade do conflito entre Ucrânia e Rússia, crítica dita a repórteres chineses em Pequim, no último sábado (15), após o encontro dele com o presidente da China, Xi Jinping.

O governo do presidente Joe Biden criticou Lula após a declaração.

Para a Casa Branca, Lula "repete" ou "papagueia" a "propaganda russa e chinesa sem olhar os fatos em absoluto".

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