POLÍTICA

Com queda de braço no Congresso, Lula acena com distribuição de cargos e verbas

Práticas fisiológicas de trocar cargos por sustentação parlamentar estavam na raiz de escândalos como Mensalão e Petrolão

Por Da redação | 14/04/2023 | Tempo de leitura: 3 min
São José dos Campos

Divulgação

Lula apoiou a reeleião de Arthur Lira para presidente da Câmara tentanto obter apoio
Lula apoiou a reeleião de Arthur Lira para presidente da Câmara tentanto obter apoio

A volta da barganha?

O desafio de construir uma sólida base de apoio no Congresso Nacional tem feito o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) flertar com práticas fisiológicas de trocar cargos por sustentação parlamentar, o que esteve na raiz de escândalos como o do Mensalão e o do Petrolão.

Após a posse em 1º de janeiro, o petista deu o primeiro aceno por conciliação no Congresso ao não confrontar a reeleição do até então bolsonarista Arthur Lira (PP-AL) para o comando da Câmara, o que permitiu ao deputado bater o recorde de votos em sua recondução, em fevereiro, com o apoio de 464 dos 513 deputados.

Ao mesmo tempo, Lula retomou para o governo a tarefa de gerenciar a distribuição de cargos e verbas das emendas parlamentares em troca de apoio na Câmara, missão que Bolsonaro havia terceirizado a Lira desde 2020.

Entra em cena o velho fisiologismo para conquistar mais apoio político e, com ele, acirram-se os embates com a oposição, que tem adotado, ao menos a ala mais ligada ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), uma postura bélica no Congresso.

Os episódios da participação do ministro da Justiça, Flávio Dino, na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), a mais importante da Câmara, rendeu embates com oposicionistas e ataques de deputados bolsonaristas.

Dino esteve por quatro horas na CCJ no final de março e foi interrompido diversas vezes, inclusive com fake news.

Na última terça-feira (11), o ministro da Justiça voltou à Câmara em sessão da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado. O clima foi ainda mais radicalizado.

A audiência foi marcada para ouvir o ministro sobre a política de armas do governo Lula, as medidas da pasta após os atos antidemocráticos de 8 de janeiro, a visita de Dino ao Complexo da Maré e as recentes invasões de terra promovidas pelo MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), todas pautas caras ao governo Lula e diretamente ligadas a Dino, como a ida à Maré.

O clima esquentou com bate-boca entre deputados governistas e da oposição, com interrupção de microfone e a suspensão da sessão, ainda na primeira pauta, quando Dino comentava a correlação entre o número de armas de fogo na sociedade e o número de homicídios.

Na ocasião, Dino disse que se a sessão tivesse confusões semelhantes àquelas que ocorreram na CCJ, no final de março, ele abandonaria o local, o que de fato ocorreu. O ministro foi chamado de ‘fujão’ pelos opositores ao governo Lula, o que dá a medida do clima bélico que se instaurou no parlamento e a pressão da oposição.

JOGO DURO

O acirramento das relações no Congresso e o aumento da temperatura entre oposicionistas e governistas dá o tamanho do desafio que o governo Lula terá para construir maioria em meio a esse terreno minado.

Na sessão da Comissão de Segurança Pública, com a presença do ministro Flávio Dino, o deputado federal delegado Paulo Bilynskyj (PL-SP) comparou o presidente Lula com Hitler, Mao Tsé Tung, Stalin e Fidel Castro.

O parlamentar bolsonarista questionava Dino sobre os decretos que restringem o acesso a armas de fogo, assinados pelo presidente ainda no primeiro dia de governo.

“É uma comparação injusta por duas razões: são companhias que não têm nenhuma pertinência biográfica ou política com o presidente Lula; em segundo lugar, não houve, até o presente momento, nenhuma apreensão de armas legais no Brasil. O que houve foi apreensão de armas ilegais", afirmou Dino.

A polarização e a falta de apoio fez com que Lula chegasse aos 100 dias de governo sem nenhuma marca ou projeto relevante aprovado no Congresso, o que também tem rendido críticas. Resta saber como Lula reagirá aos desafios.

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