AVIAÇÃO

Embraer recupera queda na pandemia e após rompimento com Boeing e vê crescimento

Depois de dois anos difíceis e enfrentando duas crises, Embraer revela números positivos em 2022 e projeta crescimento a partir de 2023

Por Xandu Alves | 12/03/2023 | Tempo de leitura: 3 min
São José dos Campos

A Embraer enfrentou duas crises nos últimos anos que a fizeram entrar em trajetória de recuperação em 2021 e 2022, com queda na entrega de novas aeronaves e resultados financeiros abaixo do esperado.

Além da pandemia do novo coronavírus, que afetou toda a cadeia global da aviação, principalmente no mercado comercial, a empresa brasileira se viu às voltas com a interrupção do negócio com a Boeing, que já estava em andamento quando foi interrompido pela empresa norte-americana.

Os resultados de ambas as crises foram mais prejuízo financeiro, vendas em baixa e problemas em alta.

No ano passado, a bússola começava a sinalizar aos aviões da Embraer que o caminho do horizonte poderia se abrir novamente, mas não seria fácil. Como não foi.

A empresa adotou medidas administrativas rígidas para adaptar o negócio aos tempos turbulentos, que incluíram ainda a invasão da Ucrânia pela Rússia e a guerra que se seguiu e completou um ano.

O conflito impactou fortemente a cadeia de suprimentos da aviação global, com atraso na entrega de motores e outras peças para a produção de aviões.

Com a nova rota traçada, a Embraer sinalizou ao mercado que continuava forte na luta em manter o título de terceira maior fabricante de aeronaves do mundo.

Na manhã de sexta-feira (10), o presidente e CEO da fabricante, Francisco Gomes Neto, divulgou resultados financeiros mais positivos desse período conturbado e sinalizou que em 2023 a Embraer vai crescer.

Em teleconferência para jornalistas do Brasil e Estados Unidos, com a participação de OVALE, o executivo falou sobre as perspectivas da empresa para os próximos anos.

“O ano de 2022 foi marcado pela superação de inúmeros desafios, como guerra, inflação global e restrições na cadeia suprimento. Graças ao foco do time e nosso plano estratégico, conseguimos superar”, afirmou Gomes Neto.

“A entrega de aeronaves cresceu 12% e também ampliamos a receita. As margens de lucro ajustadas superaram o apresentado ao mercado. A geração de caixa livre cresceu bem acima das expectativas. O backlog [encomendas] voltou a níveis pré-pandemia.”

RESULTADOS

De acordo com a apresentação, a receita da Embraer atingiu R$ 10,5 bilhões no quarto trimestre do ano passado, 44% a mais do que em igual período de 2021. Em todo o ano de 2022, o valor foi de R$ 23,4 bilhões.

O número de aeronaves entregues subiu 12,7% em relação a 2021, mesmo com significativas restrições na cadeia de suprimentos.

“Os resultados financeiros demonstram que estamos avançando de forma consistente rumo ao crescimento sustentável. Planejamos que 2021 e 2022 seriam dedicados à recuperação do negócio, após duas crises: da pandemia e do fim do acordo com Boeing. Agora é voltar a crescer em 2023”, confirmou Gomes Neto, mantendo a dose realista. “Cumprimos o que prometemos e estamos preparados para iniciar nova fase de crescimento, capturando todo o potencial da empresa. Mas ainda teremos dificuldades com fornecedores neste ano”.

GUERRA

De acordo com Francisco Gomes Neto, presidente e CEO da Embraer, a Guerra na Ucrânia provocou mudanças na geopolítica mundial que levaram a nações a repensarem suas estratégias de defesa.

Com isso, o cargueiro militar da fabricante, o C-390 Millennium, tornou-se um dos destaques do mercado para a renovação de forças armadas. “O Ministério da Defesa da Holanda escolheu o C-390 para renovar sua frota, e a previsão é de comprar cinco unidades”, disse Gomes Neto.

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