Em uma conversa essa semana sobre as últimas semanas de moda, o street style em torno dela e o icônico desfile da Gucci que aconteceu em Milão, surgiu o questionamento se o “estar na moda” quer dizer que “você está igual a todo mundo”.
Trazendo o desfile da Gucci para contextualizar, a marca apresentou mais que um desfile, a marca criou um espetáculo ímpar trazendo à tona o tema contraste entre ilusão e realidade com 68 gêmeos idênticos na passarela. As roupas começavam a ser desfiladas com a plateia dividida entre duas salas separadas, sem nenhuma ciência que estavam assistindo gêmeos desfilando — usando as mesmas roupas — até os momentos finais, quando uma tela dividindo as salas foi levantada e cada modelo deu as mãos a um irmão e seguiram caminhando juntos.
O questionamento entre cópia e autenticidade foi o que guiou o diretor criativo Alessandro Michele. “É exatamente a impossibilidade do perfeitamente idêntico que nutre a magia dos gêmeos...É um engano da similitude, produzindo uma tensão na relação entre original e cópia. Como num passe de mágica, roupas se duplicam. Parecem perder seu status de singularidade. O efeito é alienante e ambíguo. Quase uma cisão na ideia de identidade, e, depois, a revelação: as mesmas roupas emanam qualidades diferentes em corpos aparentes idênticos”, escreveu Michele.
Ou seja, nem mesmo irmãos univitelinos são completamente iguais. E quando trazemos esta afirmação para a moda ou naquilo que escolhemos vestir, o quanto é importante nos destacarmos através de nossas singularidades. Por outro lado, retornando ao título desta coluna, te pergunto: o quanto o “estar na moda” significa “estar igual a todo mundo”?
Sempre trago como pensamento aqui, nas redes sociais ou com minhas clientes o quanto o tal “estar na moda”, nem sempre quer dizer estar bem-vestido ou de acordo com a intensão do dia. Estilo tem a ver com personalidade, com sua marca registrada.
Definitivamente não é “o que você veste, mas como você veste” que importa, assim como o quanto de intencionalidade e de autoconhecimento você carrega ao fazer.
Eu trabalho com moda, com influência, compartilho informações de tendências, de comportamento, sei que as pessoas sempre serão influenciadas pelas coisas que veem, assistem, leem, e que transformar e adaptar todas as informações que recebemos (aliás, que eu mesma compartilho por aqui ou nas redes com vocês) em algo que faça sentido para você, pode levar tempo e requer amadurecimento.
Mas ainda assim sigo me questionando de o quanto estamos nos vestindo porque realmente nos identificamos com as peças de roupas ou simplesmente porque queremos ser aceitos e nos encaixar dentro de um certo padrão? E é aí neste contexto que o “estar na moda” nos faz estarmos todos iguais, tirando nós a possibilidade de deixarmos nossa marca, assim como os gêmeos da Gucci, que parecem perder seu status de singularidade. Pense nisso!