São Silvestre completa cem anos com chegada dramática e festa
A Corrida de São Silvestre chegou na manhã de quarta-feira (31) a cem edições. A "prova pedestre" concebida pelo jornalista Cásper Líbero, realizada pela primeira vez em 31 de dezembro de 1925, completou um século com festa nas ruas de São Paulo e vitórias de Sisilia Ginoka Panga, da Tanzânia, e, Muse Gizachew, da Etiópia.
Panga triunfou com facilidade, com boa vantagem sobre as concorrentes. Já Gizachew alcançou o primeiro lugar com uma ultrapassagem nos metros finais. Ele entrou na avenida Paulista atrás do queniano Jonathan Kipkoech, que dava claros sinais de desgaste e acabou perdendo a liderança a dois passos da linha de chegada.
A disputa comemorativa teve recorde de participantes, 55 mil. Houve celebração popular, com atletas fantasiados, exibindo mensagens lúdicas e político-sociais. E houve domínio de competidores africanos, como tem sido bastante recorrente ao longo das últimas décadas.
A largada feminina ocorreu às 7h40, com o ritmo afetado pela alta temperatura registrada na capital paulista. Sisilia Panga soube lidar de maneira melhor com a situação e cruzou a linha de chegada em primeiro lugar, após 51min07, seguida pela queniana Cynthia Chemweno, com 52min30. A melhor brasileira foi Núbia de Oliveira Silva, terceira colocada, com 52min42.
Nenhuma atleta do Brasil vence desde o triunfo de Lucélia Peres em 2006. E nenhum homem do Brasil leva a melhor desde 2010, com o tri de Marilson Gomes dos Santos. O brasileiro mais bem colocado na disputa de 2025 foi Fábio Jesus Correia, que ficou em terceiro.
O pelotão masculino de elite partiu às 8h05. Jonathan Kipcoech chegou a abrir boa vantagem, mas acabou atropelado por Muse Gizachew nos 50 metros derradeiros. O etíope concluiu o percurso em 44min30, e o queniano, em 44min33. Correia finalizou o trajeto em 45min07.
Atrás deles veio bastante gente. Com um significativo aumento em relação aos 37,5 mil corredores do ano anterior, o habitual congestionamento da largada ficou ainda mais pesado. Para que fosse maior a mobilidade dos amadores, foi adotado um formato de largada "em ondas", com a liberação deles pouco a pouco.
A limitação inicial de participantes era de 50 mil, mas a organização relatou que houve um pico de 150 mil acessos simultâneos na plataforma de inscrição, que travou. Diante dos problemas e das reclamações, foram abertas 5.000 vagas extras, mas muitos ficaram fora.
Era importante para os envolvidos no universo da corrida de rua estar na edição centenária daquela que se consolidou como a maior da América Latina. Uma disputa inicialmente noturna e circunscrita a brasileiros que, depois (1945), tornou-se aberta a não brasileiros. E, bem depois (1989), diurna.
O mais célebre participante foi Emil Zátopek, da Tchecoslováquia, que desembarcou em São Paulo em 1953, já conhecido como "Locomotiva Humana". Dono de três medalhas de ouro (5.000 m, 10.000 m e maratona) nos Jogos Olímpicos de 1952, em Helsinque, ele triunfou com facilidade na capital paulista.
A prova feminina só teve início em 1975, com reinado absoluto da portuguesa Rosa Mota de 1981 a 1986. Na masculina, o queniano Paul Tergat ganhou cinco vezes de 1995 a 2000, perdendo apenas em 1997 para o brasileiro Émerson Iser Bem.