Viroses típicas de verão podem ser graves; saiba como se prevenir
Calor e férias pedem cuidados com a saúde. No último verão, cidades do litoral paulista ficaram lotadas de casos de viroses gastrointestinais. A jovem Amanda Caroline Resende de Oliveira, 29, morreu no dia 4 de janeiro em Cristais Paulista, no interior do estado, após um quadro forte de virose. Ela havia voltado de Guarujá dois dias antes.
De acordo com a Secretaria Estadual da Saúde de São Paulo, os surtos na Baixada Santista foram causados pelo norovírus. Porém, gastroenterites (inflamação que acomete o estômago e os intestinos) e gastroenterocolites (estômago, intestino delgado e cólon) também podem ser provocadas por bactérias e parasitas. Os sintomas e as formas de tratar são iguais.
Em ambas as condições, a transmissão se dá via fecal-oral e contato com água e alimentos contaminados. Os sintomas são náusea, vômito, diarreia e dor abdominal, e podem ocorrer também dores musculares, cansaço, dor de cabeça e febre baixa.
"Os quadros virais são mais leves e curam em três a cinco dias. Geralmente, os principais causadores são norovírus, rotavírus e adenovírus", diz Gustavo Patury, cirurgião do aparelho digestivo da Rede D'Or.
"As gastroenterites bacterianas são piores. A febre é mais alta, a dor abdominal, muito forte, quadros de diarreia de até dez vezes ao dia, e os sintomas podem perdurar por 14 dias, a depender do tipo de diarreia, que pode vir acompanhada por muco e sangue. Um dos principais problemas da gastroenterite é a desidratação", acrescenta.
Se o paciente não consegue conter a diarreia, nem se hidratar, o ideal é procurar um pronto-socorro, em especial crianças, idosos e pessoas com comorbidades. A desidratação grave é um fator que pode desencadear pancreatite aguda (inflamação do pâncreas).
Segundo o especialista, o aumento da temperatura, o consumo de refeições fora de casa e o armazenamento inadequado de alimentos favorecem a contaminação.
Dicas para prevenir viroses típicas de verão
- Sempre lave as mãos com água e sabão, principalmente depois de usar o vaso sanitário e antes de preparar e consumir alimentos;
- Se possível, use álcool em gel;
- Higienize os alimentos, principalmente se forem consumidos crus, como salada. Mergulhe os vegetais em solução de hipoclorito de sódio (a 1%, dilua duas colheres de sopa para cada litro de água). Faça o mesmo com as frutas;
- Evite alimentos que estiverem mais de duas horas fora da geladeira;
- Cuidado com maionese, cremes, queijos, carnes, peixes e frutos do mar;
- Lave bem os utensílios domésticos;
- Evite o compartilhamento de talheres e copos; pessoas já infectadas podem estar num período de incubação e pouco ou nada sintomática, mas já transmitindo a doença;
- Não entre no mar de praias impróprias para banho;
- Hidrate-se; em caso de diarreia deve-se optar por isotônico, soro de hidratação, água de coco ou suco de fruta;
- Beba água filtrada, mineral ou fervida;
- Só compre gelo se conhecer a procedência. O mesmo vale para a água mineral de galão, que precisa ser higienizado antes de ser colocado no filtro;
- Evite consumir alimentos preparados em locais sem condições de higiene, de vendedores não autorizados ou de origem duvidosa;
- Nos lanches e refeições fora de casa, prefira os locais com maior rotatividade de clientes e boa avaliação sanitária.
Durante as crises gastrointestinais, além de reforçar a hidratação, dê preferência a alimentos leves ?arroz, frango, frutas, bolacha de água e sal, torrada e creme de maçã sem casca são indicações. Não force a alimentação. Evite doces, gorduras e derivados de leite.
Remédios para tratar os sintomas podem ser utilizados, mas a recorrência e a persistência do quadro são sinais de alarme para buscar um pronto-socorro.