Juliana Rodrigues Leal, 42 anos, mãe de sete filhos e moradora de Jundiaí, viveu nos últimos meses uma das maiores provações de sua vida. Em outubro, devido a problemas familiares, ela teve que se separar temporariamente de suas duas filhas mais novas, Carolina, de 7 anos, e Lavínia, de 4. “Os primeiros dias foram desesperadores e bastante complicados, pois eu não queria ficar longe das minhas meninas. Mas com o apoio de toda a família e dos cuidadores da Casa de Nazaré, pudemos superar as dificuldades”, lembra Juliana, emocionada. Durante esse período, ela visitava as filhas diariamente e recebeu apoio da rede socioassistencial para garantir que todos os filhos tivessem acompanhamento adequado.

Graças ao acompanhamento e às medidas de apoio, Juliana conseguiu recuperar a guarda das filhas em dezembro, pouco antes do Natal. “Tive medo de não estar com elas nessa data. Quando tive a notícia que poderia voltar com elas para casa foi uma sensação indescritível. Foi uma vitória para nós. Manteremos a família unida”, comemora. A experiência, apesar do sofrimento, deixou um aprendizado: a importância de apoio, diálogo e acompanhamento para reconstruir os laços familiares.
O abrigo Casa de Nazaré, coordenado por Bruno Barbosa, acolhe crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade ou com direitos violados, oferecendo não apenas abrigo, mas também educação, cuidados médicos e um ambiente de amor e proteção. “A importância maior é esse acolhimento, amor e carinho no momento de maior dificuldade. Trabalhamos também na reorganização da família para que a criança possa retornar ao lar”, explica Bruno.
Para as crianças, a casa organiza atividades, festas e passeios, principalmente nesta época de Natal, pois muitos dos assistidos nunca vivenciaram tradições natalinas em casa e essas iniciativas têm um grande valor. Cartinhas para o Papai Noel, árvores de Natal e presentes doados por empresas e pessoas da comunidade ajudam a transformar o momento em uma experiência de alegria e pertencimento. “É fundamental que sintam o calor e a magia do Natal, mesmo durante o acolhimento”, ressalta Bruno.
Além da Casa de Nazaré, a Casa Transitória, gerida por Gláucia Gabriela de Lima, também desempenha um papel essencial no acolhimento de crianças e adolescentes. A instituição oferece atividades do dia a dia, recreação, passeios, escola e cuidados médicos, sempre com o olhar voltado para a reintegração familiar.

“Nos preocupamos em proporcionar às crianças, mesmo em instituições, momentos que remetam a uma vida familiar, como ceia de Natal, decoração, mesa posta e troca de presentes”, explica Gláucia. “É uma época do ano difícil, pois todos estão em família e essas crianças estão em acolhimento, então é fundamental desenvolver atividades como essas. A gente tenta fazer com que esse momento seja o mais alegre possível”, completa.
Nesta época de Natal, Juliana e suas filhas viveram dificuldades e resgataram o que há de mais importante: a união, resiliência e o amor. Com todos esses elementos, a família encontrou forças para se reerguer e celebrar uma data mais que especial. “Foi sofrido, mas nos ensinou a valorizar cada momento juntos e a importância do apoio da comunidade”, reflete Juliana.