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Presa injustamente por 6 anos morre 2 meses após ser absolvida

Por | da Rede Sampi
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Reprodução/Redes sociais via G1
A prisão de Damaris foi decretada em 2019, sob acusação de envolvimento num assassinato.
A prisão de Damaris foi decretada em 2019, sob acusação de envolvimento num assassinato.

Damaris Vitória Kremer da Rosa, de 26 anos, passou seis anos presa preventivamente por um crime do qual foi inocentada. Diagnosticada com câncer no colo do útero enquanto estava na cadeia, ela morreu 74 dias depois de ser absolvida pelo júri popular, em agosto deste ano. As informações são do G1.

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Natural de Salto do Jacuí, no Noroeste do Rio Grande do Sul, a jovem foi enterrada em Araranguá (SC) em 27 de outubro. A prisão de Damaris foi decretada em 2019, sob acusação de envolvimento no assassinato de Daniel Gomes Soveral, crime cometido por seu então namorado, segundo a defesa.

Prisão e liberdade negada

Damaris foi detida preventivamente em agosto de 2019 e passou por diferentes unidades prisionais: Sobradinho, Lajeado, Santa Maria e Rio Pardo. A defesa pediu várias vezes a revogação da prisão, alegando problemas de saúde.

Nos pedidos, constavam sintomas como sangramento e dores intensas, mas o Ministério Público considerou as alegações “meras suposições de doença”, e o Judiciário negou os pedidos, afirmando que os documentos apresentados “não apontavam patologia existente”.

Diagnóstico tardio e prisão domiciliar

Somente em março de 2025, com o quadro de saúde agravado, Damaris conseguiu converter a prisão em domiciliar. A Justiça autorizou que ela permanecesse na casa da mãe, em Balneário Arroio do Silva (SC), usando tornozeleira eletrônica.

Mesmo em tratamento oncológico, a jovem precisou comparecer a sessões de quimioterapia e radioterapia com o monitoramento instalado. “Pedi a remoção da tornozeleira várias vezes, porque ela precisava transitar por hospitais. Nenhum pedido foi atendido”, afirmou a advogada Rebeca Canabarro.

Júri e absolvição

O julgamento de Damaris ocorreu em agosto de 2025, seis anos após sua prisão. O júri a absolveu de todas as acusações; o Conselho de Sentença considerou que ela não participou do homicídio nem da tentativa de ocultar o corpo da vítima.
Dois meses depois, no fim de outubro, Damaris morreu em decorrência do câncer.

O que dizem as autoridades

O Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul informou que a Justiça negou dois pedidos de soltura antes da conversão da prisão em domiciliar, alegando falta de provas médicas concretas.

Em nota, o TJ destacou que o alvará foi concedido em março de 2025, “motivado pelo estado de saúde da ré, diagnosticada com neoplasia maligna do colo do útero”.

O Ministério Público, por sua vez, afirmou que a primeira solicitação de liberdade foi negada porque “não havia comprovação da doença”, e que Damaris foi solta “assim que a defesa comprovou a enfermidade”.

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