
O aval norte-americano à guerra de Israel contra o Irã vem dividindo a base do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que começa a receber críticas de apoiadores históricos.
O apoio de Trump à guerra descumpre uma promessa de campanha. Conservadores nos EUA afirmam que o apoio incondicional do presidente ao primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu contraria o "América Primeiro", promessa eleitoral do republicano de não "arrastar" o país para guerras internacionais. Quando tomou posse, o bilionário prometeu deixar um legado de "pacificador e unificador".
Seis meses depois de assumir, Trump endossa um conflito que pode desestabilizar o Oriente Médio. Na sexta, o americano atribuiu ao Irã a responsabilidade pelo ataque israelense, dizendo que o país deveria ter fechado um acordo para acabar com seu suposto programa nuclear. A Casa Branca disse, no entanto, que o ataque israelense não contou com ajuda americana.
Conservadores influentes vêm pedindo a Trump que não envolva os EUA no conflito. Expoente do movimento trumpista Faça a América Grande Novamente (Make America Great Again - MAGA), o comentarista Tucker Carlson disse que os EUA não deveriam apoiar o "governo sedento de guerra" do primeiro-ministro israelense. "Se Israel quiser travar essa guerra, tem todo o direito de fazê-lo. É um país soberano, pode fazer o que quiser, mas não com o apoio dos Estados Unidos", escreveu ele na sexta (13).
O senador republicano Rand Paul criticou os "neoconservadores extremistas". "O povo americano se opõe esmagadoramente às nossas guerras sem fim, e votou dessa forma quando votou em Donald Trump em 2024", escreveu ele em suas redes sociais. "Peço ao presidente Trump que continue colocando a América em primeiro lugar e não se junte a nenhuma guerra."
A congressista de direita Marjorie Taylor Greene defendeu oposição aos ataques. "Estou rezando pela paz. Paz", escreveu ela no X. "Essa é a minha posição oficial."
Até um republicano apoiador de Israel expressou descontentamento. "Nossa base MAGA não quer guerra de jeito nenhum", disse Charlie Kirk em seu podcast. "Ela [base MAGA] não quer que os Estados Unidos se envolvam nisso."
Metade dos republicanos com menos de 50 anos é crítica a Israel. "O povo americano está farto dessas guerras sem fim", afirmou ao site de notícias Aljazeera o cientista político Jon Hoffman ao citar pesquisa do Pew Research Center.
Trump agora frustra parte do seu eleitorado. "Há um forte sentimento de traição e raiva em muitas partes em razão do 'América Primeiro' porque eles [eleitores conservadores] ficaram contra a ideia de os EUA se envolverem ou apoiarem novas guerras", disse ao site Trita Parsi, vice-presidente executiva do Quincy, um instituto de estudos econômicos, políticos e diplomáticos.