NO EXTERIOR

Bolsonaro se opôs à permanência de Eduardo nos EUA

Por Marianna Rocha | da Folhapress
| Tempo de leitura: 4 min
Fabio Rodrigues Pozzebom/Arquivo/Agencia Brasil
Eduardo Bolsonaro comunicou seu pai, Jair, da decisão no último sábado (15), um dia antes da manifestação realizada no Rio
Eduardo Bolsonaro comunicou seu pai, Jair, da decisão no último sábado (15), um dia antes da manifestação realizada no Rio

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) se opôs à permanência do filho Eduardo Bolsonaro (PL-SP) nos Estados Unidos. Segundo relatos de aliados, ele foi avisado no final de semana e tentou convencê-lo a voltar para o Brasil.

Eduardo comunicou oficialmente a Câmara dos Deputados da sua licença na quinta-feira (20), mas publicou vídeo nas suas redes sociais na última terça (18). Ele decidiu continuar no país e se afastar do cargo por 120 dias, alegando temer a apreensão do seu passaporte e uma eventual prisão.

O deputado federal comunicou seu pai da decisão no último sábado (15), um dia antes da manifestação realizada no Rio de Janeiro pela anistia de presos condenados por ataques golpistas de 8 de janeiro. De acordo com relatos, o ex-presidente se emocionou ao falar com o filho e tentou dissuadi-lo de continuar no país governado por Donald Trump.

Não apenas o pai, aliados também diziam que o deputado passaria a imagem de que estaria fugindo num momento de importante embate da oposição. Além disso, outro argumento era de que isso poderia prejudicar a sua eleição ao Senado, em 2026, por São Paulo -algo já considerado como certo por bolsonaristas.

Apesar disso, Eduardo disse que não teria como atender aos apelos e que seria melhor para todos se ele ficasse nos Estados Unidos.

Para a sua decisão, pesaram três pontos: primeiro, a família, ele não queria se afastar dos filhos e da esposa; segundo, temia decisões duras do STF contra ele, caso consiga articular retaliações do governo americano à corte; e, por fim, acredita que sua atuação por essas eventuais sanções de Trump serão mais efetivas se ele estiver por lá.

Em entrevista à Folha na terça, Eduardo disse que conversou com o pai e a esposa, Heloísa, e que seus argumentos foram acatados.

"Primeiro, ele [Jair] me respeita. Eu sempre vou ser filho dele, mas eu já tenho 40 anos, tenho família, duas crianças em casa. E falei pra ele, 'olha, existe ou não existe a possibilidade de pegar um passaporte? Existe. Ainda que você possa considerar pequena, alta ou baixa, existe'", disse.

Depois, em entrevista a um canal de YouTube, o deputado se emocionou ao falar do pai. "Muita coisa que pesa quando a gente toma essa decisão. Conversar com ele [Jair] não foi fácil, ele queria que eu tivesse por perto. Mas, conforme fui conversando com ele, foi entendendo meus argumentos e aceitou a decisão", afirmou.

No mesmo dia em que comunicou sua permanência nos Estados Unidos, a PGR (Procuradoria-Geral da República) deu parecer contrário à apreensão do passaporte e Moraes arquivou o pedido. Ainda assim, aliados dizem não saber quando ele voltará.

Há quem dê como certo o seu retorno após os quatro meses de licença. Outros dizem que é provável que ele abra mão do mandato. À Folha ele disse que avalia entrar com pedido de asilo nos Estados Unidos.

A reação do STF, contudo, foi vista por aliados do deputado como um referendo ao seu argumento crítico ao Judiciário. Segundo eles, a rapidez com que as decisões foram tomadas, após o vídeo dele, comprovariam que há politização do Poder e que, portanto, sua decisão de ficar nos Estados Unidos estaria acertada.

A definição foi mantida sob sigilo, mesmo de aliados muito próximos, mas algumas pessoas participaram de conversas com o deputado, tentando convencê-lo a mudar de ideia. Ou, ao menos, a voltar para assumir a presidência da Creden (Comissão de Relações Exteriores da Câmara). O líder do PL, Sóstenes Cavalcante (RJ), confirmou à Folha que foi um desses.

O anúncio de Eduardo foi feito no mesmo dia em que os líderes da Casa se reuniam na residência oficial da Câmara dos Deputados com o presidente Hugo Motta (Republicanos-PB), para bater o martelo sobre o comando das comissões.

Desde o princípio, a Creden, uma comissão que não costuma gerar muito embate, era a primeira escolha do PL, que tem a maior bancada com 92 deputados. O PT tentou articular contra essa possibilidade e ministros do Supremo também pressionaram, chegando até a ligar para Motta.

Mas o PL insistiu e mesmo a base do governo Lula já se dava como vencida. Todos foram, então, surpreendidos com a mudança de planos de Eduardo. No xadrez das comissões, a Creden ficou sob o comando de Filipe Barros (PL-PR).

Nesta sexta-feira (21), a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT), chamou Eduardo Bolsonaro de "medroso" pela ida aos Estados Unidos e criticou o que chamou de vitimismo da parte do deputado.

"O Eduardo Bolsonaro presta um desserviço ao país, mentindo Brasil afora, dizendo que aqui é uma ditadura e que ele teve que sair. Ou seja, ele tentou criar uma situação para se vitimizar e dizer que ele estava sendo perseguido", afirmou a ministra à CNN.

"Quem defende a ditadura são eles, os Bolsonaros. O problema é que ele não enfrenta o debate político, é medroso. Ele tinha que enfrentar aqui, por que que ele foi articular com o Congresso americano?", questionou.

A ministra também afirmou que, caso o filho de Bolsonaro mantenha a decisão, é possível que o pedido feito pelo PSOL que solicita que a saída de Eduardo configure abandono de mandato, seja aceito.

Comentários

1 Comentários

  • Baltazar 4 dias atrás
    Esse traidor foi tramar com os extremistas de direita ianques o melhor modo de fazer mal para a democracia brasileira e fazer curso de golpismo da CIA. Capacho vira-lata querendo virar americano sem saber que os americanos vão cuspi-lo fora quando souberem que ele não passa de um idiota entreguista de cabeça oca. Tomara que fique por lá mesmo pro resto da vida, quando os democratas voltarem ao poder a única coisa que restará pra esse elemento será trabalhar de chapeiro em trailer de hamburguer. Um medíocre igual todos os outros da familicia.