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Rússia toma cidade estratégica e ameaça outra região da Ucrânia

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mil.ru

As forças de Vladimir Putin conquistaram neste domingo (26) Velika Novosilka, um dos principais centros da defesa de Kiev no sul e no leste do país. A tomada pode abrir o caminho para um ataque terrestre contra uma região que ainda não foi invadida na guerra iniciada em 2022.

A queda da cidadezinha, que tinha pouco mais de 5.000 moradores antes do conflito, vinha sendo cantada pelos dois lados desde o fim do ano. O avanço russo ocorreu de forma coordenada com o ataque na direção de Pokrovsk, importante entroncamento ferroviário e centro de produção de carvão para siderurgia mais a nordeste.

"Velika Novosilka é a última linha de defesa grande e centro logístico das Forças Armadas ucranianas na direção do sul de Donetsk", resumiu na semana passada o Ministério da Defesa russo. Analistas de Kiev e de Moscou concordam.

O anúncio da queda foi feito pela pasta e não comentado pelo governo de Volodimir Zelenski. Na semana passada, o porta-voz militar na região dizia que a situação estava próxima do insustentável. O avanço ocorreu com infantaria sendo apoiada por forças mecanizadas de tanques e blindados.

Além de aumentar a possibilidade de colapso da defesa dos talvez 30% remanescentes da região de Donetsk em mãos ucranianas, há outras implicações da conquista da cidade. Ela pode possibilitar, pela natureza geográfica local, um ataque direto à área de Dnipopetrovsk, que até aqui só foi objeto de bombardeios.

Ela não está nos objetivos declarados de guerra de Putin, mas até aí Kharkiv (norte) também não e há forças russas combatendo nas bordas daquela região - noves fora haver até um livro infantil impresso com ajuda do Kremlin esperando para ser distribuído a crianças locais, como a reportagem mostrou.

Dnipro, a capital regional, é uma importante cidade. Ela foi escolhida inclusive para a demonstração do novo míssil balístico russo, o Orechnik, que foi desenhado para guerra nuclear, no fim do ano. Além disso, a cidade natal de Zelenski, Kriiv Riih, fica por lá.

Além disso, a cidade conquistada serve de conexão para outra região, Zaporíjia, essa anexada ilegalmente pela Rússia ao lado de Kherson (também ao sul), Donetsk e Lugansk (leste). Uma fatia de talvez 15% de lá está sob controle de Kiev, e a chegada à fronteira facilita avanços.

O movimento de Putin no leste e no sul ucraniano ocorre enquanto ambos os lados tentam se posicionar ante a volta de Donald Trump à Casa Branca.

O presidente americano, visto como amplamente favorável aos russos numa negociação, tem elevado um pouco a retórica contra Moscou, exigindo um acordo e paz imediato. Putin não mordeu a isca e disse que segue aberto ao diálogo mediado pelos Estados Unidos, enquanto Zelenski sentiu o cheiro de queimado e passou a insistir na sua presença em qualquer mesa de conversas.

Tanto o russo quanto o ucraniano dizem que não há interesse na paz do outro lado, mas quem está com a vantagem em campo é o Kremlin, com seus avanços. Kiev tem focado em ataques mais duros contra a infraestrutura russa, como refinarias e fábricas, com seus drones e eventualmente mísseis ocidentais.

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