
Quem nasceu em Jundiaí ou adotou a cidade como terra natal valoriza seus bens históricos e culturais. Em um esforço da sociedade, desde a década de 80, ao contrário de outros municípios, a preservação histórica, principalmente no Centro, é uma tônica constante no dia a dia dos jundiaienses.
Nos seus 365 anos, a valorização e reconhecimento dos pontos turísticos dependem de preservação com responsabilidade. Para o arquiteto Eduardo Pereira, a importância da preservação para a memória cultural e histórica da cidade é imensa. "Todos esses bens culturais são razão do esforço do jundiaiense, que enxerga na cidade um pertencimento maior que em qualquer outro lugar. Se não existisse essa identidade com a cultura e a história, não haveria esse sentimento de preservação. Quando se preserva a história social, conhecemos a cidade em todos os seus tempos e ciclos de evolução."
Eduardo explica que algumas medidas podem contribuir para fazer com que o jundiaiense conheça e preserve seus monumentos. "Rotas de estímulo são importantes e o entendimento da história e seus bens preservados precisam ser esclarecidos e conhecidos sempre. Por isso, ideias de promoção e visitação nesses locais devem ser ampliadas todos os anos."

Rota de Turismo
Pensando justamente em promover que tanto o turista quanto o morador conheça o que Jundiaí tem a oferecer, o Departamento de Patrimônio Histórico da Unidade de Gestão de Cultura criou a Rota Turística do Centro Histórico da Cidade. William Paixão, diretor do DPH, explica que a rota foi criada em 2017 para identificar os principais pontos de interesse histórico, turístico e de serviços do Centro. "Quando falamos 'centro da cidade', nos referimos ao centro estendido. Chamamos de entre rios, ou seja, as áreas que compreendem o Rio Jundiaí, Rio Guapeva e Córrego do Mato. A rota está dentro desse itinerário. Após definir o local, em parceria com José Arnaldo de Oliveira, apontamos os 100 pontos que fazem parte do projeto."
O diretor reconhece que, dentro dos pontos, há monumentos muito conhecidos, como o Polytheama, a Catedral Nossa Senhora do Desterro, o Museu Solar do Barão e a Ponte Torta, mas afirma que outros, muito importantes para a história da cidade, acabam passando desapercebidos por quem frequenta os locais. "A frente do prédio do velório municipal Adamastor Fernandes foi onde surgiu a estação de tratamento de água de Jundiaí. A caixa d'água pode ser vista até hoje no final da subida. Aquele prédio, além de possuir uma arquitetura muito bonita, que muita gente evita olhar por ser um velório, tem uma grande importância para o município, hoje referência em tratamento de água. Outro exemplo é o Centro das Artes, que antigamente abrigava o Mercado Municipal de Jundiaí. Lá foi palco da primeira Festa da Uva", explica.

Identificação
Para que as pessoas conheçam esses pontos estão sendo instaladas placas de identificação nos monumentos. "É importante ressaltar que a rota turística está em processo de construção. Dos 100 pontos listados, instalamos placas somente em 40, pois é um processo que demanda tempo e pesquisa. Do estudo, fazemos um texto resumido para a placa e um mais abrangente para o site, que é traduzido para inglês e italiano. Além disso, as placas possuem um QR Code, para que o turista possa conhecer mais sobre a história", conta William. "Estamos planejando desenvolver a rota com a instalação de totens de identificação geográfica. Toda vez que alguém entrar no território, passaria pelo totem, com cinco metros de altura, que mostrará o início ou fim do trajeto. Além disso, os totens também vão ter informações na altura dos olhos para os pedestres, inclusive as crianças. O objetivo é que os mais jovens também se interessem e ajudem a preservar o patrimônio que a cidade vem construindo há tantos anos", completa.

Confira um resumo da história dos principais monumentos
Solar do Barão:
O grande casarão da segunda metade do século 19, construído ainda com paredes de taipa, é um marco da economia do café durante o Império e seu nome refere-se ao Barão de Jundiaí, um dos mais poderosos líderes locais – até o imperador Dom Pedro II dormiu ali. Abriga atualmente o Museu Histórico e Cultural, criado na década de 1960 e destaque pelas suas exposições e pesquisas e mais o seu grande jardim como atrações permanentes.
Teatro Polytheama
Em latim, poly significa muitos e, theama, de origem grega, espetáculo. Lugar de muitos espetáculos, o Teatro Polytheama de Jundiaí chama a atenção não só pelo tamanho – de 1124 lugares – mas por sua história. Construído em 1911, o prédio com simbolismos do drama e da comédia na fachada é tombado como patrimônio histórico estadual eg parte essencial da riquíssima cultura da cidade. Foi restaurado em 1996 com orientação de Lina Bo Bardi.
Catedral Nossa Senhora do Desterro:
A primeira capela católica da inicialmente Freguesia de Nossa Senhora do Desterro de Jundiahy, estimada em 1651, originou em seguida a igreja matriz de estilo colonial barroco como o mineiro. No final do século 19, uma reforma desenhada por Ramos de Azevedo definiu a versão neogótica que impressiona ainda mais por dentro, com seus vitrais, e em eventos como a celebração anual do Dia da Padroeira da Cidade, em 15 de agosto.
O arquiteto Eduardo Pereira conta uma curiosidade sobre a catedral: As espessuras das paredes da matriz são de taipa e remontam ao século 17. No interior, tem a imagem da fuga para o Egito, uma joia da arte sacra.
Pinacoteca:
O imponente prédio de 1896, que abrigou a pioneira escola pública da cidade com o Grupo Escolar Coronel Siqueira de Moraes ainda com a separação de meninas e meninos, sediou também a Biblioteca Municipal na década de 1970. Atualmente, abriga a sede da Pinacoteca Pública com o nome e muitas obras do artista local do cotidiano, Diógenes Duarte Paes. Recebe exposições permanentes de seu acervo e mostras temporárias de artistas convidados, abertas ao público.
Escola Conde do Parnaíba:
Criado em 1906 como uma das primeiras escolas públicas da cidade, o Grupo Escolar Conde do Parnaíba ocupou seu atual prédio em 1923. Com linhas que eram padrão estadual na época, é um patrimônio tombado pelo Condephaat e segue entre as mais antigas e importantes escolas ativas. Inclui um pequeno museu interno e também o humor popular de “lendas urbanas” sobre a origem de barulhos causados pelo estalar da madeira dos degraus ou das janelas.
Mosteiro São Bento:
Fundado em 1667, é uma das referências mais antigas do centro histórico. Além da construção em si mesma, com poucas alterações ao longo do tempo, conta nos últimos cem anos em sua pequena Igreja de Sant´Anna com um altar-mor construído originalmente no século 18 em trabalho indígena na capela beneditina do bairro paulistano de Pinheiros. Tem intervenções esporádicas de corais e música gregoriana.
Conheça os 100 pontos de interesse da Rota Turística do Centro Histórico
1-Teatro Polytheama
2-Largo da Matriz
3-Solar do Barão
4-Catedral Nossa Senhora do Desterro
5- Largo São José
6-Galeria Bocchino
7-Estrada de São João
8-Antigo Mercado Municipal
9-Escola Conde do Parnaíba
10-Antiga Câmara e Fórum
11-Antiga Fábrica de Fósforo
12-Largo do Pelourinho
13-Fábrica de Vinhos
14-Antiga Estação de Água
15-Largo do Chafariz
16-Largo do Cemitério
17-Previdência Social
18-Rua Jorge Zolner
19-Praça São Lázaro
20-Ponte de Campinas
21-Largo Santa Cruz
22-Rua Torta
23-Clube 28 de Setembro
24-Estrada de Pirapora
25-Largo das Rosas
26-Casa Novecentista (Rosário, 691)
27-Fratellanza Italiana
28-Rio Jundiaí
29-Clube Jundiaiense
30-Barreira
31-Antigo Lago (praça Arnaldo Levada)
32-Escola Siqueira de Moraes
33-Viaduto São João Batista
34-Empresa Luz e Força
35-Falsa-Seringueira
36-Mirante da Bela Vista
37-Largo São Jorge
38-Ponte Torta
39-Ao Esporte Jundiaiense
40-Escola Luiz Rosa
41-Antiga Fábrica de Correias
42-Casa Setecentista (Rosário, 484)
43-Largo São Bento
44-Companhia Telefônica
45-Escola Paroquial
46-Largo da Cadeia Velha
47-Gabinete de Leitura
48-Antiga Fábrica Argos
49-Cruzeirinho
50-Hotel Rosário
51-Companhia Paulista
52-Hospital São Vicente de Paulo
53-Antigo Armazém (Padroeira x Prudente)
54-Esplanada Monte Castelo
55-Bela Vista
56-Antiga Creche da Argos
57-Antiga Loja Kalaf
58-Vila Ferroviária (França/Visconde de Mauá)
59-Largo dos Andradas
60-Igreja do Rosário
61-Escolas Padre Anchieta
62-Coxinha de Queijo (Padroeira)
63-Igreja da Barreira
64-Casa da Criança
65-Sindicato dos Ferroviários (Santa Felicidade)
66-Mosteiro de São Bento
67-Escola de Música de Jundiaí
68-Restaurante Dadá
69-Rua Treze de Maio
70-Grêmio Recreativo da Companhia Paulista
71-Antiga sede da DAE
72-Casa da Família Prado
73-Rio Guapeva
74-Obelisco da Independência
75-Bombonière Marabá
76-Antiga Padaria Palma
77-Praça da Cultura
78-Caixa D'Água
79-Conjunto Arquitetônico (Patinhas)
80-Praça Barão do Rio Branco
81-Estação Central
82-Casa da Família Chagas
83-Associação dos Ferroviários Aposentados
84-“Corredor Verde” (rua Anchieta)
85-Câmara Municipal
86-Casa Rosa
87-Casarão (São Bento x Leonardo)
88-Praça Antonio Ozanam
89-Vila Argos Velha
90-Vila Argos Nova
91-Antiga Escola Gasparian
92-Antigo Armazém do Chafariz
93-Casarão (Rangel, 534)
94-Inovação em Casa Antiga (Prudente, 1287)
95-Sobrado com aromas (Senador x Siqueira)
96-Cúpula “árabe” (Barão x Anthero)
97-Sobrados da Ladeira (São Bento, 450)
98-Edifício Carderelli
99-Escola Industrial
100-Casa Fagundes (Siqueira, 330)