
Aborto eugênico é aquele feito em função de anomalias do organismo fetal, sendo uma delas a anencefalia. O anencéfalo é um Espírito que não possui uma parte do Sistema Nervoso Central e está em um doloroso processo de reencarnação. Ele possui alguma lesão em seu perispírito, também chamado de modelo organizador biológico, devido a escolhas equivocadas tomadas em encarnações anteriores; como, por exemplo, ter se suicidado, ter feito mau uso da inteligência etc. Como é o perispírito que orienta a formação do corpo físico, este último também apresentará essas lesões.
O anencéfalo necessita reencarnar dessa forma, com essas lesões, para que ocorra a recomposição do seu perispírito que está lesado. Ele certamente está desenvolvendo um trabalho evolutivo que precisa ser concluído e, dessa forma, ele encarna com esse propósito, que é de ter uma curta existência na matéria. Essa circunstância não é de maneira alguma um castigo, mas sim uma valorosa oportunidade de reabilitação, nos mostrando mais uma vez a infinita bondade de Deus.
Quando praticamos o aborto em um anencéfalo, estamos ceifando a oportunidade desse Espírito se curar, impedindo que ele complete este ciclo. Quando levamos a gestação em curso, mesmo que ocorra o desencarne de forma natural antes do seu nascimento, ou que este ser sobreviva por apenas alguns segundos após nascer, estamos contribuindo para o seu reestabelecimento.
Os pais de um indivíduo anencéfalo, durante a gestação,enfrentam uma enorme dor e merecem todo o nosso apoio e solidariedade. Eles estão vinculados ao resgate do Espírito reencarnante, sendo muitas vezes coadjuvantes no contexto do equívoco praticado no passado. É importante que os pais entendam que o filho que lhes fora oferecido pela Divindade possui uma deficiência congênita e que ele depende deles e do seu amor para se libertar do seu compromisso espiritual, pois o amor dos pais contribui para a recuperação da forma perispiritual do filho.
A Doutrina Espírita é muito clara em nos ensinar que o acaso não existe. Quando o Criador nos oferece um filho com restrições de saúde, que poderão até levá-lo a falecer em pouco tempo, reconhecemos que a experiência é dolorosa, mas é coerente com o princípio de causa e efeito. Passada a tempestade do sofrimento, aquele que conduziu o seu filho com dedicação e amor estará livre para amá-lo por todo o sempre. É a troca de um breve período de lutas por todo um período de felicidade no futuro. Os pais devem ser gratos a Deus pela oportunidade de reabilitação para todos os envolvidos.
O desespero na escolha do aborto do anencéfalo demonstra o imediatismo, a falta de amor e a fuga ao enfrentamento da realidade. Caso os pais optem por essa infeliz escolha, possuem uma grande chance de desenvolverem um conflito psicológico muito severo, que muitas vezes eclodirá no futuro.
O Espiritismo nos mostra aspectos incompreendidos pela investigação humana. Ele ilumina as nossas mentes, explicando as razões das ocorrências terrestres, e consola os corações, a fim de que se submetam às Leis de Deus com coragem e confiança.
Ninguém está autorizado a interromper a vida! O anencéfalo tem o direito de viver!
Eduardo Battel é médico urologista, expositor Espírita e Coordenador da Liga de Medicina e Espiritualidade da FMJ