A nova edição do Clube de Colecionadores do Museu de Arte Moderna de São Paulo apresenta obras dos artistas Regina Gomide Graz, Rosana Paulino e Waltercio Caldas. Selecionadas pelo curador-chefe do museu, Cauê Alves, as obras são produzidas em tiragens limitadas de 70 exemplares e incorporadas ao acervo do museu. O lançamento da edição 2025/2026 acontece na feira de arte SP-Arte Rotas Brasileiras 2025, entre os dias 27 e 31 de agosto, na ARCA, na Vila Leopoldina, em São Paulo.
A obra de Regina Gomide Graz para o Clube de Colecionadores do MAM foi desenvolvida pelo Movimento Transbordar, associação sem fins lucrativos dedicada ao empoderamento de mulheres por meio do bordado. Trata-se de um fragmento do biombo da artista bordado por mulheres em situação de vulnerabilidade. O trabalho contribui para a autoestima, geração de renda das mulheres e uma efetiva transformação social. O resultado é uma espécie de natureza-morta vibrante, montada em chassi, bordada em uma tela tingida com café, em ponto cheio de preenchimento, com fios de lã torcida, tal qual a técnica de Regina Gomide Graz, que utilizava uma técnica mista como ponto de cobertura e ponto cheio de preenchimento. Ao resgatar um saber ancestral, a obra reafirma o valor do trabalho manual e fortalece a expressão feminina.
A obra de Rosana Paulino (São Paulo, SP, Brasil, 1967) para o Clube de Colecionadores do MAM deriva de séries anteriores da artista, como Senhora das plantas (2022) e Búfala (2019). É como se a artista inventasse uma mitologia pessoal e singular, que apresenta o corpo sedutor de uma mulher que não se submete facilmente. Ela está junto com um pássaro da noite e comanda a passagem entre o mundo dos vivos e o dos mortos. A artista se vale de um fundo escuro e um azul profundo. A gravura foi impressa usando treze telas para que as diferentes tonalidades e transparências pudessem estar visíveis. O resultado é uma mulher autêntica, como se estivesse rodeada por estrelas, com uma aura, mas que possui cabelos que se parecem com a flor do dente-de-leão, aquelas pequenas esferas de plumas que, ao serem sopradas, dispersam energia e desejo ao universo.
A gravura de Waltercio Caldas (Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 1946) realizada para o Clube de Colecionadores do MAM, Anatomia de um perfume, recorre ao desenho de um frasco opaco de perfume. Há um mistério, uma incógnita, sobre seu conteúdo, já que nosso olhar não consegue penetrar no vidro. Feito originalmente em aquarela, o desenho foi impresso em serigrafia em tons escuros azuis e vermelhos. O artista cola a imagem do desenho impresso – que possui abas de fixação, tal qual as antigas bonecas de papel – sobre a folha. Integra o trabalho um baixo-relevo vazio, com a forma do contorno dessa colagem com abas, como se a forma do desenho tivesse saído dele. O resultado é o que o artista chama de objeto de papel, ou seja, mais que suporte, o papel é matéria da obra. É como se o invisível do cheiro se tornasse parcialmente visível na imagem que exala sua forma vazada. O perfume pode nos fazer lembrar daquilo que está ausente, mas ele se esvai e desaparece com qualquer brisa. A gravura não se vale do olfato de modo literal, mas pelo modo fugidio, tal como os cheiros evocam memórias e sensações, podendo nos transportar para outros tempos e espaços. O trabalho apresenta, ao mesmo tempo, um desenho figurativo e uma abstração desse desenho, deixando no ar a ligação entre o que vemos, sentimos e o que compreendemos.
A associação ao Clube de Colecionadores do MAM é anual e os membros recebem um conjunto de três obras. Além disso, a participação também garante entrada gratuita às exposições do MAM e descontos em produtos e cursos do museu. O valor do conjunto é de R$8.000,00 (oito mil reais), com diversas opções de formas de pagamento. Para garantir a associação, entre em contato diretamente através dos contatos clubes@mam.org.br e 55 11 94368-3988.
