
Pela primeira vez, o Atlas da Violência, publicação anual do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) sobre a criminalidade no país, divulgou dados relacionados à violência do trânsito. Segundo a publicação, um dos principais fatores relacionados ao aumento de mortalidade no trânsito brasileiro é o aumento da frota de motos e também das mortes de motociclistas. Em Jundiaí, a morte de motociclistas no trânsito representou cerca de 40% do total.
Nos últimos, considerando o período de 2016 a 2024, a frota de motos, incluindo motocicletas, motonetas e ciclomotores, também aumentou significativamente em Jundiaí, 26%, partindo de 49.495 e chegando a 62.432 no ano passado. Com mais motos nas ruas, consequentemente, há mais acidentes com motociclistas e também mais mortes, visto que este é um veículo frágil para o condutor.
Ainda segundo o Atlas da Violência, "as mortes de usuários de motocicletas no Brasil cresceram mais de 10 vezes nos últimos 30 anos, culminando no pico de quase 13 mil mortes no ano de 2014. Esse fato é consequência direta do grande aumento da frota e uso desses veículos no Brasil (Carvalho e Guedes, 2023). No período de 2014 a 2019, houve uma pequena queda da mortalidade por sinistros envolvendo esse tipo de veículo, tal como ocorreu nos números totais de morte no país". Após a pandemia, uma nova alta aconteceu, devido ao aumento da frota de motocicletas, que são um meio de transporte mais barato.
Violência do trânsito
Segundo o Atlas da Violência, “a extinção do DPVAT reduziu a capacidade de atendimento às vítimas no SUS e eliminou a indenização às famílias, o que agrava ainda mais a situação das populações mais vulneráveis”. Para Lucio Almeida, presidente da ONG Centro de Defesa das Vítimas de Trânsito, “é inadmissível que um país que tem um dos trânsitos mais violentos do mundo desampare suas vítimas dessa forma”.
Criado em 1974 com o objetivo de indenizar vítimas de acidentes de trânsito, independentemente da culpa, em casos de morte, invalidez permanente e despesas médicas, a arrecadação de recursos para o DPVAT foi extinta em 2020, uma medida que gerou críticas e preocupações sobre a falta de assistência às vítimas de acidentes. Desde então, elas passaram a ser indenizadas com um fundo do próprio DPVAT. No entanto, em abril de 2023, foi apresentada uma proposta de criação do SPVAT (Seguro Obrigatório para Proteção de Vítimas de Acidentes de Trânsito). Porém, em dezembro de 2024, ela foi revogada.