
O maior patrimônio do Paulista é a sua torcida. E como diz o canto entoado em todos os jogos do Galo, seja nas arquibancadas do Estádio Dr. Jayme Cintra, ou em qualquer lugar do mundo: “sua torcida não te deixa, em todos os cantos para te apoiar!”, o torcedor do Paulista é movido pela paixão sem limites, fé e fidelidade ao time do coração - time, este, que o jundiaiense já nasce amando -. E a Gamor é sinônimo de tudo isso.
A Gamor Força Jovem, torcida mais antiga e tradicional do Paulista, foi fundada em 1975 por um grupo de amigos que, acima de tudo, amava e vivia o clube incondicionalmente. Neste domingo, a torcida completa o Jubileu de Ouro, e seus 50 anos de história carregam lembranças marcantes, episódios inesquecíveis de invasões e, o mais importante de todos: o apoio incondicional, tanto em momentos de glória do Paulisto, tanto em épocas de crise.
Um dos fundadores da Gamor, e um dos maiores símbolos da torcida do Paulista, Clóvis de Campos, o Bigode, de 75 anos, relembrou a fundação da Gamor. “A Gamor foi a primeira torcida organizada do Paulista. Fui presidente durante 30 anos, hoje em dia eu sou só ‘de honra’, porque deixei o trabalho para os mais jovens. Fui o único que restou dos fundadores, nunca mais vi os outros colegas de arquibancada que estiveram comigo em 1975, durante a fundação da Gamor. Alguns já faleceram, outros se mudaram de país, e outros se casaram [risos]. A Gamor se inspirou na torcida ‘Flamor’, do Rio de Janeiro, e sempre foi uma torcida que prezou pela paz nos estádios.
Bigode começou a frequentar os estádios em 1962, quando era criança e, com a Gamor, já rodou mais de 40 cidades do Brasil, além de países da América Latina acompanhando o Paulista. “O Paulista sempre ocupou a maior parte da minha vida. Comecei a frequentar o Jayme Cintra aos 12 anos de idade, conheci mais de 40 cidades em caravanas da Gamor, além de países como Argentina e Paraguai. Na adolescência eu viajava demais, as viagens eram históricas, às vezes voltávamos felizes, outras vezes tristes, mas nunca abandonamos nosso time”, contou o torcedor.
Depois de viver os momentos mais históricos do Paulista, e superar as fases ruins, Bigode falou sobre a reconstrução do time, que recentemente subiu para a Série A3 do Campeonato Paulista, e revelou que seu principal objetivo como fundador da torcida é ver mais jovens vestindo as cores da Gamor. “Nossa meta, com certeza, é atrair mais jovens para as arquibancadas, porque muita gente ainda não conhece a Gamor. Agora, com o Paulista subindo de divisões, o estádio volta a ficar mais cheio e queremos trazer essa juventude para perto de nós. Eu já cheguei a assistir jogos com 24 mil torcedores no Jayme Cintra e, no mês passado, quando quase 9 mil torcedores estavam no jogo do acesso, meu coração encheu de alegria”, completou Bigode.
Assim como Bigode, o atual presidente da Gamor, Fernando Drezza, também coleciona lembranças marcantes com a Gamor. “Conheci a torcida em 1983, quando ainda era criança e comecei a frequentar o Jayme Cintra. Meu primeiro contato foi mágico, fiquei impressionado com as bandeiras de mastro e papel picado. A festa no estádio era um espetáculo. A Gamor representa o Paulista. Os melhores momentos são na arquibancada, ali somos todos iguais, todos temos um mesmo ideal, todos amamos o Paulista incondicionalmente. E o futuro da Gamor é manter viva a tradição e a paixão pelo Galo”, disse Drezza.
Torcedor do Paulista e colecionador, Mateus Ferreira guarda com muito amor seus itens da Gamor, como sua carteirinha de associado que recebeu em 1990. A torcida entrou na sua vida por influência do seu pai, em meados de 1986, e da família Aleixo, sempre lembrada nas arquibancadas do Jayme Cintra. “Era emocionante fazer parte da torcida. A Gamor foi uma parte muito feliz em minha vida e, além de representá-la nas arquibancadas, tive o prazer em vestir a camisa como atleta de futsal. Até me emociono quando lembro de tudo o que eu vivi. Uma das lembranças mais marcantes que tenho foram os acessos de 1984 e 1995 e os títulos de 2001 e principalmente da Copa do Brasil. Também tivemos alguns momentos de perrengues, em Limeira e Bragança Paulista, em 1988, quando aconteceram algumas brigas feias, mas saímos ilesos”, relembrou Mateus.
Com muitas histórias, lembranças afetivas, alegrias, lágrimas, amizades, tradição, fé e muito amor envolvido, a Gamor sempre irá existir enquanto houver Paulista.