O mundo passa, neste momento, por uma grande turbulência, sem saber, exatamente, como será o amanhã, ou seja, o futuro próximo.
As relações econômicas internacionais estão totalmente indefinidas, não permitindo, ainda, que a comunidade econômica mundial se posicione diante de uma grande perplexidade global, que abala as estruturas do comércio internacional e suas consequências para cada país e blocos econômicos.
Em princípio, todas as estruturas, construídas depois da Segunda Guerra Mundial, com o posicionamento unilateral do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, estão sendo relativamente desestruturadas. Há sim, um grande retrocesso, na parceria econômica entre os países e os Estados Unidos.
Ao sobretaxar as exportações destinadas aos americanos, com tarifas recíprocas de 31 % para a Tailândia; 34 % para os produtos chineses; 32 % para a Indonésia; 32 % de Taiwan; 31 % da Suíça; 30 % da África do Sul; 26 % da Índia; 25 % da Coreia do Sul; 24 % do Japão; 20 % da União Europeia e 10 % para os Países da América do Sul, entre outros, o presidente americano pretende alcançar, em princípio, uma receita com imposto de importação, da ordem de US$ 600 bilhões por ano. Conta essa, que será paga pelos exportadores, de todo o mundo, quando de suas exportações para aquele país.
Em economia, medidas econômicas implementadas provocam efeitos diretos e indiretos, em cadeias setoriais, provocando perdas e ganhos.
Neste caso, ganhará os produtores norte-americanos, com essas medidas protecionistas unilaterais, pois passarão a ter vantagens comparativas em relação aos seus concorrentes internacionais.
Perderão, entretanto, os consumidores americanos, com produtos mais caros, sem contrapartidas compensatórias em suas rendas.
Inexoravelmente, haverá no curto e médio prazos um encolhimento do comércio mundial, com uma grande e dinâmica troca de parceiros comerciais, em substituição aos Estados Unidos.
Essa realidade, tende a provocar no mundo, uma queda, ainda imprevisível, mas, certa, de um baixo crescimento econômico global; aumento da inflação mundial; maior concentração de renda; aumento do emprego nos Estados Unidos e desemprego em muitos países, qual seja, um quadro extenso de estagflação.
Perde, ainda, os ganhos do GATT (General Agreement on Tariffs and Trade), acordo geral de tarifas e comércio, de 1947, assim como, a sua herdeira OMC – Organização Mundial de Comércio, órgão voltado para o “Livre Comércio Mundial”, com supressão de medidas protecionistas unilaterais.
No caso do Brasil, em particular, nossas exportações para os Estados Unidos terão uma tarifa de importação de 10%. Em princípio, terão ônus maior os nossos concorrentes internacionais, como a China, Taiwan, Tailândia, Singapura, Japão, Índia e União Europeia, todos taxados com alíquotas bem superiores.
Neste momento, é preciso prudência, diálogo, não retaliação e, que cada setor produtivo nacional – exportador, estude, com profundidade, as alternativas e soluções, que efetivamente existem.
Em tempo, a China já aplicou aos produtos americanos a mesma alíquota de 34%.
Messias Mercadante de Castro é professor de economia do Unianchieta, Membro do Conselho de Administração da DAE S/A e Consultor de Empresas (messiasmercadante@terra.com.br)