Deus é o princípio de todas as coisas e sendo ele todo sabedoria, bondade e justiça, tudo o que dele procede há de participar dos seus atributos, porquanto o que é infinitamente sábio, justo e bom nada pode produzir que seja ininteligente, mau e injusto e, assim, o mal não pode ter nele a sua origem. O mal não é um atributo distinto, pode-se dizer então que ele é a ausência do bem, como o frio é a ausência do calor.
Nenhum indivíduo recebe o mal como missão, quando o faz é pela própria vontade, e responderá por isso. Se Deus tivesse criado um espírito do mal, isso seria a negação da sua bondade. Se um ser, criado bom, tivesse se tornado mau, e Deus, para puni-lo, teria-o condenado a permanecer eternamente mau, sem esperança de perdão e dando-lhe a missão de seduzir as pessoas ao mal, seria uma crueldade premeditada, o que não é compatível com o Criador. Essas teorias sobre o mal são as mais irracionais e ofensivas para com a Divindade. Não existem eleitos e réprobos, somos todos criados iguais, simples e ignorantes e sofremos todas as consequências de nossos atos. Reparamos, resgatamos e, cedo ou tarde, regeneramo-nos para evolvermos desde os mundos primitivos e materiais até os Celestiais.
Deus só quer o bem, o mal vem das nossas escolhas e podemos evitá-lo, segundo o nosso livre-arbítrio e tendo por guia as leis divinas. O bem é tudo o que nos aproxima de Deus e, quando seguimos as suas leis, estamos a caminho da realização interior e de amplas conquistas espirituais. Já o mal é tudo o que nos distancia de Deus e, quando não cumprimos as suas leis, afastamo-nos do que é certo e causamos prejuízos a nós e a outrem. A moral é a regra de bem proceder, isto é, distinguir o bem do mal e nós procedemos corretamente quando tudo fazemos pelo bem de todos. Segundo Chico Xavier: “Ninguém recolhe o bem sem conquistá-lo e ninguém recebe o mal sem atraí-lo.”
Os males mais numerosos são aqueles que criamos pelos nossos próprios vícios, provenientes do nosso orgulho, egoísmo, ambição, ganância e excessos em todas as coisas. Essa é a causa das guerras e calamidades que causam desavenças, injustiças, a opressão do fraco pelo forte e a maioria das doenças. Mas chega um momento em que o excesso do mal moral se torna intolerável, nos fazendo sentir a necessidade de mudar de vida e, para tal, basta seguirmos rigorosamente as leis divinas. Sendo corretos, não há dúvida que evitaremos os males mais graves, pois de acordo com o nosso adiantamento moral, o mal automaticamente decresce. Um dia todos nós viveremos felizes na Terra e um dos objetivos principais da Doutrina Espírita é nos ajudar nesse processo de melhora, promovendo o nosso progresso moral.
Divaldo Franco nos ensina: “O mal não tem vida própria, é apenas a ausência do bem. Onde o bem está presente, o mal bate em retirada. Já o amor é a essência Divina, e está presente nos corações de todos os homens, mesmo que em estado latente, esperando a oportunidade de germinar, crescer e florescer.”
Eduardo Battel é médico urologista, expositor Espírita e Coordenador da Liga de Medicina e Espiritualidade da FMJ (ebattel@hofmail.com)