OPINIÃO

Lamparinas na alma


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Ter um diretor espiritual é uma bênção do Céu. O meu primeiro foi em 1970, aos dezesseis anos, Dom Osvaldo Giuntini, atual Bispo Emérito de Marília. Possuem eles o dom de enxergar o nosso dia a dia, os nossos projetos na perspectiva de filhos de Deus. Ajudaram-me e ajudam-me tanto!  

Já escrevi a respeito, diversas vezes, sobre meu atual diretor espiritual há alguns anos, o Padre Márcio Felipe de Souza Alves, pároco e reitor do Santuário Diocesano Santa Rita de Cássia. Socorre-me, nos momentos nublados, a não perder os olhos do Monte Tabor e do Monte Calvário. Acompanha o cotidiano de minha história e sempre me fala de maneira que acende em minha alma uma lamparina. E eu, com minhas verdades e abespinhada em certas situações, termo que nossa mãe gostava de usar a meu respeito - antigamente era mais -, me calo diante de suas colocações e percebo que era ou é o que Deus me pede. Não reajo. Admito e busco conversão. 

Confessei-me com ele há poucos dias, quando me citou o Evangelho de São Marcos (7,24-30), a respeito de Jesus na região de Tiro e Sidônia. Uma mulher pagã, nascida na Fenícia da Síria, discriminada, suplicou a Ele que expulsasse de sua filha um demônio impuro. Comentou, o Padre Márcio Felipe, que estava ela escrava das situações desta vida e que todas as vezes que o nosso coração fica escravo do outro e de nós mesmos, somos possuídos por espíritos impuros. Uma mulher de fé. Jesus disse: “Deixa primeiro que os filhos fiquem saciados, porque não está certo tirar o pão dos filhos e jogá-los aos cachorrinhos”. A mulher respondeu: “É verdade, Senhor; mas também os cachorrinhos, debaixo da mesa, comem as migalhas que as crianças deixam cair”. Então Jesus disse: Por causa do que acabas de dizer, podes voltar para casa. O demônio já saiu da tua filha”. Não há demônio que envolva uma pessoa – no mundo não faltam demônios -, que Jesus, movido pela fé de verdade, não possa libertá-la. 

Gosto de partilhar o que me faz bem, por isso escrevo a respeito. Contou-me uma história muito significativa.

Um homem morreu e foi em cima de um muro. De um lado estava o céu e de outro o inferno. O povo do céu o chamava, muita música, gente alegre e gritando para ele ir para lá, pois era muito bom, que viviam felizes. O povo do inferno em silêncio. Ninguém clamava por ele. Alguém perguntou por que o inferno não o convidava. A resposta foi que aquele ou aquela que está em cima do muro já se encontra mais perto do inferno. Tão verdadeiro!

Na Missa vespertina, no sábado passado, fez Padre Márcio Felipe uma profunda homilia a respeito do Evangelho de São Lucas (6,27-38) sobre a misericórdia de Deus e o convite a fazermos o bem a quem não nos pode recompensar, a não julgar, a amar os inimigos pois o Senhor é bondoso também com os ingratos e maus. Acrescentou de quem seria a melhor vida e concluiu que é a nossa, com a consciência de que a ternura de Deus nos envolve e sendo sinal dessa ternura para amigos e inimigos.

Destacou o Salmo responsorial 102(103): “O Senhor é bondoso e compassivo. Bendize, ó minha alma, ao Senhor”.  

Gratidão pelas lamparinas do Céu acesas em minha alma! Que eu seja fiel à luz de Deus!
 
Maria Cristina Castilho de Andrade é professora e cronista (criscast@terra.com.br)

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