OPINIÃO

Dedos, fala e olhares anticristãos


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Nas reuniões semanais da Pastoral da Mulher/Magdala fazemos memória da caminhada de Jesus em meio ao povo, com Sua Palavra e atitudes de abraço aos mais sofridos e seus sinais de misericórdia. Bem dentro daquilo que declara nosso querido Bispo Diocesano, Dom Arnaldo Carvalheiro Neto: “Não há esperança fora de Cristo. Em meio às turbulências da nossas jornada, recordemo-nos que Ele continua lá”. Dom Arnaldo insiste: “Crescer no conhecimento dAquele que é fonte de toda esperança”.

Semana passada refletimos sobre o artigo de Dom Arnaldo, publicado neste jornal em dois de fevereiro, com o título: “Os dois lados da Porta”.

Escreveu sobre a abertura das portas da misericórdia, em nossa Diocese, neste ano de Jubileu, em 29 de dezembro, com o apelo do Santo Padre, Papa Francisco, em nos tornarmos peregrinos da esperança.

Gostei demais da colocação dele sobre descobrirmos que a porta tem dobradiças e ela abre para dois horizontes. Disse ele: “O horizonte de dentro para aqueles que estão longe e precisam voltar para a casa do Pai. E horizonte de fora, para aqueles que estão dentro e precisam sair da zona do conforto para ir atrás dos que se encontram sem esperança.

Formulou ele um questionamento fortíssimo: “Essa é uma pergunta que sempre faço como bispo: quando as pessoas que estão longe de Deus e da Igreja buscam retornar, o que elas encontram? Dedos apontados ou braços abertos? (...) A Porta aberta é sinônimo de corações abertos aos que desejam entrar. Mais acolhida e menos fiscalização! Esse é o apelo que a misericórdia exige de nós”.

As participantes da reunião opinaram a respeito do texto de Dom Arnaldo. Muitas delas, que estiveram ou estão no grupo, passaram na infância por uma experiência na Igreja e se afastaram por motivos diversos. Isso não lhes removeu a fé em Deus, embora com ideias trincadas, oriundas de terceiros, quando a atitude não corresponde à fala.

De certa forma me assustei com a justificativa de uma das mulheres sobre não frequentar a Igreja – com exceção do Carmelo São José - e nem o Shopping, pois nos dois lugares observam suas roupas, seu chinelo de dedo – nem da marca havaiana são – e outros detalhes mais. Como assim, o interior da Igreja com fieis com dedos apontados e olhares que empurram para fora?

Uma outra experiência que nos contaram: o companheiro da moça que foi morador de rua, olhador de carro, recebeu o convite de um amigo para almoçar em um restaurante do centro. Estava com o uniforme do local onde na época trabalhava. O almoço seria pago pelo amigo. O gerente os abordou e não permitiu que ele ficasse. O problema não estava no dinheiro na mão, mas na aparência.

Que triste misturarem condutas semelhantes de frequentadores de shopping e restaurante, com as de determinadas pessoas na Igreja.

Consideraram uma denúncia o artigo de Dom Arnaldo, a quem estimam, com quem já tivemos a alegria de conviver em uma das reuniões, pois aborda dedos apontados de gente que tem certo papel na Igreja, mas desconhece o verdadeiro Jesus. Concluíram dizendo: “As pessoas valem quanto pesam aos olhos da sociedade”.

Bênção de Deus termos Dom Arnaldo conosco, no meio do povo, seja quem for, de olhar misericordioso e da extravagância do amor de Jesus com seu povo.

Maria Cristina Castilho de Andrade é professora e cronista (criscast@terra.com.br)

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