
“Tudo está muito caro!” Essa é uma das frases mais ouvidas atualmente, seja nas ruas ou nos comentários nas redes sociais. E entre os itens que mais pesam no bolso, o aluguel se destaca.
De acordo com o Índice FipeZAP, os novos contratos de alugueis residenciais ficaram, em média, 13,50% mais caros em 2024. O aumento anual foi quase o triplo da inflação oficial do país, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que registrou alta de 4,83% no período. Com isso, a alta real dos novos alugueis (descontada a inflação) foi de 8,27%.
Eli Gonçalves Ferreira Júnior, vice-presidente da Proempi (Associação das Empresas e Profissionais do Setor Imobiliário de Jundiaí e Região), destaca os valores médios dos alugueis na cidade: “No site Fazer Marketing & Negócios é possível ver que um dormitório custa, em média, R$ 2.789 (62m²); dois dormitórios, R$ 2.559 (58m²); três dormitórios, R$ 3.760 (95m²); e quatro dormitórios, R$ 6.274 (176m²)”. Ele recomenda o site para realizar consultas preços de imóveis, estudar bairros com relação à segurança dos bairros e a calculadora. Os serviços são gratuitos.
Segundo ele, “o aluguel está subindo de preço sim, e isso é uma relação de oferta e demanda”. O mercado segue aquecido porque “a demanda está muito alta, muita gente de dentro e de fora da cidade está procurando lugar para morar”. Eli Gonçalves explica que muitas dessas pessoas “não têm condições de adquirir um imóvel, seja pela falta de valor para a entrada ou por dificuldades em conseguir financiamento bancário”. Com isso, a locação se torna a única alternativa.
Comparando com São Paulo
A moradora Paola Fiuza da Silva viveu em Jundiaí por dez anos e se mudou para a capital paulista em dezembro do ano passado. Atualmente, ela paga R$ 3.300,00 por uma casa em um condomínio, que possui três suítes, quintal com churrasqueira e vaga para duas garagens. O imóvel fica em um bairro bem localizado de São Paulo.
Apesar da infraestrutura, Paola questiona o aumento dos preços em Jundiaí: “O que justifica esse aumento? Se o transporte é horrível, a segurança quase não existe e você não vê policiamento nas ruas?”. Além disso, ela afirma que a mudança foi necessária porque os gastos com deslocamento diário entre as duas cidades não estavam mais compensando.
Paola Fiuza da Silva
Para o economista Messias Mercadante, “Jundiaí iniciou 2025 com um mercado imobiliário bastante aquecido”. Ele explica que “a cidade tem a segunda melhor qualidade de vida do Brasil e fica a apenas 60 km de São Paulo, o que atrai muitos migrantes”.
Messias afirma que "a cidade também tem um mercado de trabalho forte Jundiaí é a sétima maior economia do estado, com muitas multinacionais”, reforça. O aumento nos preços não afeta apenas quem busca um novo imóvel, mas também pesa no orçamento de quem já aluga e precisa equilibrar as despesas com moradia e outros custos essenciais.
O aumento nos alugueis pesa no orçamento das famílias. Para conseguir pagar o aluguel, Paola começou a trabalhar como motorista de aplicativo, uma alternativa para complementar a renda diante dos custos elevados. Já Amanda Oliveira, professora de música, e nas horas vagas motorista de aplicativo para conseguir aumentar a sua renda, conta que a situação ficou insustentável. “Meses atrás, eu pagava um aluguel que comprometia 45% do meu salário, e com a alta dos preços dos alimentos, ficou impossível equilibrar as contas”.
Ela acabou precisando recorrer à ajuda dos pais. Hoje, mora em um imóvel nos fundos da casa da família, pagando um aluguel mais baixo para conseguir se estabilizar financeiramente. “Se não fosse isso, eu teria que escolher entre comer e pagar aluguel”, afirma.
Amanda Oliveira
Mais caro, mais inadimplência
Apesar do esforço para manter os pagamentos em dia, os números mostram que a inadimplência também está em alta. De acordo com o Índice de Inadimplência Locatícia da Superlógica, a taxa de aluguel em atraso em São Paulo chegou a 3,15% em dezembro de 2024, o maior índice do segundo semestre. O dado representa um aumento em relação ao mês anterior, quando estava em 2,85%.
Os números mostram que a inadimplência é maior nos imóveis de até R$ 1.000,00 (5,43%) e nos aluguéis acima de R$ 13.000,00 (5,19%). Já os imóveis com aluguel entre R$ 2.000,00 e R$ 3.000,00 tiveram a menor taxa de inadimplência (1,96%).
O economista Messias Mercadante reforça que a tendência para 2025 é de continuação desse cenário: “Jundiaí continuará atraindo novos moradores, o que manterá a demanda alta e os preços aquecidos”.