A menina chegou aos seis anos plena de entusiasmo pela vida. Conheci-a em dezembro e fiquei encantada com sua maneira decidida de falar de suas vontades; vontades de certa maneira simples, mas que lhe aquecem o coração.
Irá ganhar uma irmãzinha ou irmãozinho. Seus olhos brilham ao falar sobre o assunto. Perguntei-lhe se ajudará a criar. Respondeu-me de imediato: “Está criada. Foi Deus que criou. Eu vou ajudar a cuidar”. Tive um impacto. Jamais diferenciei, quando está chegando uma gente miúda, em perguntar às crianças mais próximas se auxiliariam na criação ou nas atenções.
Lição de vida da pequenina para mim. Realmente está criado(a).
Ela me fez lembrar a música “Foi Deus que fez você” do compositor paraibano Luiz Ramalho, segunda colocada no Festival MPB 80, realizado pela TV Globo em 1980, e defendida pela cantora cearense Amelinha. Embora seja uma canção romântica, aplica-se a diferentes situações. “Foi Deus que fez o céu, o rancho das estrelas (...)/ Fez a lua que prateia minha estrada de sorrisos/ E a serpente que expulsou mais de um milhão do paraíso. / Foi Deus que fez você, foi Deus que fez o amor/ Fez nascer a eternidade/ num momento de carinho...”
Penso que se todas as pessoas fossem olhadas como “quem criou foi Deus”, seriam respeitadas e auxiliadas quando necessário. Viveríamos na sociedade que Jesus sonhou quando esteve conosco pelas ruas da Galileia.
Veio-me um outro paraibano, filho da Severina e do Clóves, que escolheu fazer de sua vida um anúncio do Criador, que fez todas as pessoas para serem amadas e não somente para agora, mas para a Eternidade. Sua voz, seu acolhimento, sua determinação e sua fidelidade a Deus se transformam na canção transcrita acima e também na composição de Ira David Sankey e Guilherme Luiz Santos Ferreira: “Senhor meu Deus, / quando eu maravilhado/ Fico a Pensar nas obras de tuas mãos./ No céu azul de estrelas Pontilhadas/ O teu poder mostrando a criação./Então minha alma canta a ti, Senhor/ Quão grande és tu!/ (...) Quando eu medito em seu amor tão grande/ Seu Filho dando ao mundo pra salvar/ Na cruz vertendo o seu poder precioso sangue/ Minh’alma pode assim purificar./ Quando enfim, Jesus vier em glória/ E ao lar celeste então me transportar / Te adorarei, prostrado e para sempre/ Quão grande és tu, meu Deus, hei de cantar...”
Esse moço enxerga em todas as pessoas a impressão digital de Deus, é o padre Márcio Felipe de Souza Alves, reitor do Santuário Diocesano Santa Rita de Cássia, que dia 15 de fevereiro completa 16 anos de sacerdote.
“Ergue suas mãos pra nos abençoar, / nos ensina amar, /nos concede o perdão /Ó Deus, purifique esses homens, / sua vocação, / que eles possam fazer um mundo mais irmão.”
Junto, a ele, a menina de seis anos e o compositor Luiz Ramalho e lhe digo que não há dúvida de que foi Deus que fez você e o escolheu.
Quando o pai da pequenina caminhar além das grades, encontrará as crianças a lhe acenar com mãozinhas que tocam o Céu e são sinais de que Deus ama todos os filhos seus.
Gratidão, Padre Márcio Felipe, por seus 16 anos de Sacerdócio e por seu olhar de Eternidade, que nossa mãe levou com ela e que minha família e eu temos impresso em nossa alma.
Maria Cristina Castilho de Andrade é professora e cronista (criscast@terra.com.br)