
O recente tombo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e as subsequentes complicações que exigiram uma cirurgia têm gerado uma série de reflexões sobre sua saúde e a adequação de sua idade para exercer um cargo de tamanha responsabilidade. Aos 79 anos, Lula completa em 2025 a marca dos 80 anos, e o episódio de sua queda levantou questões sobre os desafios físicos e mentais enfrentados por líderes com idades avançadas.
Mesmo com a cirurgia e os cuidados médicos, a percepção de que sua saúde tem apresentado sinais de desgaste é algo que tem sido discutido amplamente. Por outro lado, figuras políticas como Jacques Wagner, aliado de Lula, garantem que o ex-presidente só não será candidato à reeleição se ele próprio decidir não se candidatar. No entanto, a situação coloca em foco o debate sobre a longevidade política e os desafios que os cargos de liderança impõem à saúde dos indivíduos.
Em relação à idade, muitos questionam se há um limite natural para o exercício de cargos políticos de alta responsabilidade. A lei brasileira não estipula uma idade limite para ocupar cargos como o de presidente da República ou de governadores, por exemplo. Contudo, a experiência de vida e os impactos da idade na saúde física e mental têm sido pauta de discussões entre políticos de diferentes gerações.
Ana Tonelli, radialista e ex-presidente da Câmara Municipal de Jundiaí, com uma carreira de mais de 40 anos na política, é uma das vozes que se coloca a favor da longevidade no serviço público. Ela defende que, se uma pessoa tem saúde, disposição e clareza mental, não há problema em continuar ocupando cargos de relevância. "Eu diria que se uma pessoa tem saúde, cabeça boa, não vejo problema. Nós temos um exemplo, o Ulisses Guimarães, que presidiu a nossa constituinte de 88 já sendo idoso. Eu mesma tenho 80 anos, levanto todo dia 3h15 da madrugada, e sigo trabalhando com a mesma paixão que sempre tive. Se a pessoa está bem, com saúde física e mental, não vejo razão para limitar a idade para o exercício da política", afirmou Ana.
Por outro lado, o ex-vereador Oraci Gotardo, que exerceu quatro mandatos em Jundiaí, acredita que é importante haver uma reflexão sobre a idade avançada para o exercício da política. "Eu acredito que sim, a política é muito desgastante, e com o tempo as pessoas precisam começar a pensar em viver a vida. Aos 70 anos, já é hora de dar espaço para novas gerações. Eu mesmo parei com a política há 12 anos e agora estou tranquilo, aproveitando a vida no campo", afirmou Gotardo, defendendo que aos 70 anos, muitos políticos deveriam começar a pensar em uma aposentadoria.
Essa discussão sobre limites etários na política reflete a realidade de que a saúde de um líder não pode ser ignorada, especialmente quando suas decisões afetam milhões de cidadãos. No entanto, a falta de um limite de idade estabelecido por lei ainda permite que figuras como Lula sigam em funções de grande relevância, desde que mantenham a capacidade de exercer suas funções.