No início do ano é comum estarmos envoltos com metas, planejamentos e objetivos para o ano vindouro. Pode ser uma coisa besta, como emagrecer 4 quilos, ou até mesmo vender sua empresa para ir morar definitivamente às margens do Lago di Como, na Itália, e nunca mais precisar trabalhar.
Acho válido termos esperança e desejar. Desejo é uma coisa maravilhosa e impulsionadora ao ser humano. Mas também pode ser frustração à vista, já que muitos deles não se concretizarão. Às vezes, porque não planejamos bem, às vezes, porque as demais condições não aconteceram ou ainda porque erramos. Ou ainda porque não era para acontecer mesmo.
O controlador, que quer e sonha com a vida planilhada em Excel, é um sofredor nato. Porque ele não controla as demais pessoas, nem as condições climáticas nem mesmo a instabilidade financeira do Brasil. Ao projetar que tem tudo sob controle, ele vai dançar ou cair em uma crise de ansiedade sem fim.
Gosto da música de Zeca Pagodinho “deixa a vida me levar”. É claro que a gente não pode se lançar a esta maravilhosa experiência de vida esperando que o milagre aconteça, porque, normalmente, ele não acontece. É preciso preparo, estudo, firmeza, resignação e resiliência, mas é preciso, também, contar com o divino e que causas e condições se reúnam.
Nesta maravilhosa jornada terrena, nem tudo está à deriva e nem tudo está sob controle. O caminho do meio do Buda é o que mais me impressiona. Porque às vezes teremos alegrias infindas, noutras vezes, uma tristeza profunda, como a saudade de um ente amado que se foi.
A sacada é a gente não se apegar a estes sentimentos – nem pro mal nem pro bem. Sentir é uma qualidade inata do ser humano, mas tudo em nossa vida será uma mescla de acontecimentos divinos (como a chegada de um filho ou um neto) e de tristezas imensas (ao nos deparar com a dor das doenças e finitude). Entretanto, tudo é vida e experiência desta jornada – um não pode desqualificar o outro e, no fim, nada permanece.
Manter a mente calma e serena é uma virtude que pode ser praticada através da meditação. Eu medito diariamente para não sair do prumo, para não ser invasiva, para não falar demais e não me meter em assunto alheio. Porque, na verdade, a gente só é inspirador pelos nossos atos e não pelas nossas palavras.
Também leio, aos poucos, o livro “Micro-hábitos, as pequenas mudanças que mudam tudo”, de EBJ Fogg e tenho me esforçado. Em vez de 12 km de caminhada aos finais de semana, 4 km três vezes na semana. Ou uma sessão de Pilates e outra de yoga. Ou um jantar bacana e uma sopa depois. Meu corpo tem sofrido menos e a minha coluna aguentado este tranco mais brando e suave.
Para 2025, faça somente micromudanças internas. De pouco em pouco, a gente vai cumprindo nossos objetivos. Sem o açúcar diário, menos quilos. Com a caminhada de meia hora, mais saúde. Ao tentar se livrar do ego, mais compaixão. Não tenha metas ambiciosas. A gente só se transforma aos poucos. Mais suavidade em 2025!
Ariadne Gattolini é jornalista e escritora. Pós-graduada em ESG pela FGV-SP e editora-chefe do Grupo JJ.
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