INTERIOR

Na logística, movimentação de bilhões de reais e desafios

Por Ariadne Gattolini |
| Tempo de leitura: 4 min
Divulgação
A cidade, que foi ponto de partida para os sertões, tem na logística movimentação de aproximadamente 21bilhões
A cidade, que foi ponto de partida para os sertões, tem na logística movimentação de aproximadamente 21bilhões

A Região Metropolitana de Jundiaí, conhecida por seu perfil logístico forte e estratégico, movimenta um alto volume de mercadorias devido à infraestrutura e localização privilegiada. O setor logístico local emprega aproximadamente 18,8 mil pessoas e inclui cerca de 2,5 mil empresas, com várias multinacionais estabelecidas na área. Esse dinamismo gera um impacto significativo, com empresas logísticas e de transporte em Jundiaí movimentando cifras bilionárias, com o município registrando mais de R$ 21 bilhões (estimativa) em operações de importação e exportação anuais. O setor todo também é responsável por mais de 500 startups, algumas localizadas em nossa Região.

O número de empresas voltadas ao setor logístico é significativo no território jundiaiense. Segundo dados do Econodata, com atualização de 2023, a cidade conta com 4.615 empresas ativas de logística e transporte. Destas, 3.469 são MEIs (Microempreendedores Individuais). Um ranking com as 50 maiores empresas do setor instaladas no município mostra que, por ano, são gerados faturamentos (presumidos) que vão de R$ 4,8 milhões (50ª colocada) a R$ 13,2 bilhões (primeira do ranking).

O Terminal Intermodal de Jundiaí (Tiju), uma das unidades da Contrail Logística, que atua com transporte ferroviário, está com novos serviços, expandindo seu alcance para os portos do Rio de Janeiro e Itaguaí. Devido aos gargalos enfrentados no Porto de Santos pelos exportadores, surgiram novas alternativas para suprir suas necessidades de escoamento de carga e o Porto do Rio de Janeiro é uma opção factível.


Paulo Bertaglia acredita que o setor precisa melhorar a formação da mão de obra

Em 2024 a Contrail Logística também iniciou uma operação disruptiva, recebendo e armazenando minério de manganês para posterior estufagem em contêineres e embarque via ferrovia para exportar a partir do Tiju para o porto de Santos. A empresa pretende encerrar 2024 com um volume 17% maior em comparação a 2023 e oferecendo aos clientes alternativas para enfrentar os desafios encontrados nos fluxos de importação e exportação.

O fato é que Jundiaí, desde o século XVII e notadamente no XVIII, tem sido passagem de bandeirantes e comerciantes que paravam aqui para se abastecer antes de adentrar nos sertões. Não à toa, está na melhor confluência rodoviária do país, entre as rodovias Anhanguera e Bandeirantes, com uma ferrovia que liga o interior do estado a Santos e teve seu auge durante o ciclo cafeeiro.

E é exatamente essa localização que fez Jundiaí sentir o boom da logística nos meados dos anos 2000. Desde então, grandes centros de distribuição, galpões e e-commerce estão por aqui, distribuindo seus produtos em todo o Brasil. A proximidade com o Aeroporto de Viracopos, que tem uma vocação para cargas, também é relevante para a indústria e logística estabelecidas na região.
Entretanto, a confluência para os modernos sertões, não tem dado importância ao modal ferroviário, fazendo com que a movimentação rodoviária seja expressiva, contribuindo para a carbonização e maior emissão de GEE (gases de efeito estufa). Para o consultor de logística, Paulo Bertaglia, o que mais chama a atenção é o menor uso das ferrovias em todo país e notadamente em Jundiaí. “Temos um potencial ferroviário incrível, mas nos últimos 24 anos perdemos malha em vez de expandir. Tínhamos 30 mil quilômetros no Brasil em 2000 e hoje não chegamos a 28 mil km e o abandono da ferrovia em Jundiaí, com subutilização, é um fato.”


Francisco Oliveira, da Ceva Logistics, afirma que a taxação de importação é desafio no país

A malha rodoviária é a base do transporte brasileiro. Para o especialista em Logística e Sustentabilidade, doutorando no tema, Fábio Garcia, dificilmente esta situação será revertida. “Não vejo expectativas para uma mudança expressiva da predominância deste modal em um horizonte próximo. Desta forma, a busca da mitigação de emissões é o caminho no transporte. Sendo assim, entendo que existem três caminhos para isso: otimização da carga, otimização de rotas, otimização do equipamento de transporte, e aqui incluo as novas tecnologias de combustíveis (elétrico, biometano, hidrogênio etc) até na correta manutenção dos veículos e treinamento e incentivos aos motoristas.”

Mercado
Para Francisco de Oliveira Junior, VP de Ground & Rail leader da Ceva Logistics, com atividade em toda a América Latina, o perfil do consumidor tem mudado nos últimos anos, principalmente após a pandemia de covid. “O novo normal é se conseguir fazer entrega o mais rápido possível e, por isso, investimos em sistemas, veículos e pessoas. O desejo do consumidor é que as compras, feitas em um dia, chegue em sua residência no próximo dia, no máximo.”

Para que as empresas de logística deem conta do recado, há novos sistemas incorporados, com uso intensivo de tecnologia. “Nosso esforço é para manter custos sob controle, otimizar cargas, rotas, aplicando tecnologia e Inteligência Artificial, mas o grande desafio do Brasil é o alto custo de importação. Além disso, temos que crescer para o interior, melhorar a formação de mão de obra, infraestrutura e otimizar a jornada de descarbonização.”

Bertaglia vai além. Para ele, o desafio futuro está na ética, cibersegurança, compliance e preparação de pessoas. “O setor precisa educar para transformar.”


Fabio Garcia não acredita que o Brasil mudará o modal de transporte, por isso insiste na descarbonização

*Esta matéria foi construída a partir de dados de Inteligência Artificial

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