Nada evidencia mais as alterações climáticas e as queimadas nas áreas de mata da cidade do que a fumaça que temos respirado nos últimos dias.
Além do já esperado e amplamente divulgado fogo na região de Ribeirão Preto, a fumaça amazônica chega para somar ao que é produzido aqui. Um caos maior, acredito, não precisa acontecer para que ações mais inovadoras e restrições mais rigorosas sejam adotadas imediatamente. As leis recentemente aprovadas sobre a proteção das matas são pauta para todos os políticos de qualquer cidade, e aqui não pode ser diferente. Estamos, até agora, longe de nos adequarmos para a proteção, por exemplo, da Serra do Japi.
No país, isso já foi assegurado quando o Ministro Flávio Dino determinou que o governo solucione e dê uma resposta em 15 dias para as queimadas no Pantanal e na Amazônia. Publicada no último dia 27, o prazo para a resolução acaba no próximo dia 11 de setembro.
Com as queimadas, o primeiro sinal de impotência é quando ligamos para os bombeiros e a resposta é sempre que não há viaturas ou pessoal disponível para atender, ou já estão em outra chamada, ou ainda quando a chamada cai em Campinas e, infelizmente, eles não reconhecem o local do evento. Lembro que nenhum sinal é maior do que a fumaça como indicador do lugar.
Por aqui, a situação não está nada boa. Não conheço movimentos da população para proteção de áreas com matas e combate a incêndios na região da cidade entre Jundiaí e Louveira.
A única manifestação recente foi de um grupo que defende que o Morro da Baleia seja considerado área de proteção ecológica, o que é muito oportuno e raro, e precisa ser apoiado.
Em meu artigo de 25 de julho de 2020, já falava sobre a importância da preservação e do tombamento dessas áreas de mata. Em 2008, foi indicado e deliberado pelo Compac o conjunto das pedras remanescentes da Serra do Japi, que florescem no final da 9 de Julho e servem de fundo para a avenida. Esse conjunto de pedras é semelhante ao da estrada de Itu ou das áreas de Atibaia, como a Grota Funda. Uma lista inventariada e com placas explicativas seria de grande interesse turístico e de educação ecológica. Seria muito interessante, durante nossas scaminhadas, ler os nomes das árvores e plantas desses lugares. Protegidos, listados e divulgados, esses retalhos serão um forte componente de valorização e crescimento da qualidade de vida cultural e ambiental de Jundiaí. Essa atitude precisa ser consolidada com a homologação do tombamento e, finalmente, com a colocação de placas que indicarão o que são, a importância paisagística e mais informações para o público dessa área de lazer de grande interesse em Jundiaí.
Fragmentos ambientais consolidados, como os da Vila Carlos Gomes, acessados pelas ruas Lúcia Bressan Passarin e Zelima Passarin, precisam ser preservados. Com um relevo acidentado expressivo, apenas a legislação florestal já seria suficiente para preservar aquele lugar, mas falta o reconhecimento público e municipal.
Outras áreas precisam ser lembradas, motivando abaixo-assinados e sendo lançadas nas plataformas dos prefeitos ainda em campanha. Esse comprometimento está faltando.
Eduardo Carlos Pereira é arquiteto e urbanista (edupereiradesign@gmail.com)
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