BAILARINOS SOB RODAS

Projeto 'Unidos Pela Dança' promove inclusão pela arte

A limitação de Leda Maria não a impediu de conquistar seus sonhos no mundo da dança

Por Letícia Malatesta | 02/05/2024 | Tempo de leitura: 3 min
Jornal de Jundiaí

Crédito: Carlos Savasini

Leda Maria ao lado de Clayton, seu antigo professor de dança e atualmente seu par
Leda Maria ao lado de Clayton, seu antigo professor de dança e atualmente seu par

Leda Maria Tronco, de 63 anos, ficou deficiênte por conta da paralisia cerebral durante o seu nascimento. As rodas que fazem parte de sua locomoção e a fala limitada não impediram de seguir seus sonhos na dança e neste ano ela criou o projeto “Unidos Pela Dança” em parceria com a Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, que fez parte do projeto “Abril pra Dança”, com o tema “O Tempo do Corpo”.

“Eu queria incluir bailarinos com e sem deficiência em um espetáculo, sem que houvesse diferença entre os dois. Uma apresentação em que os bailarinos estivessem juntos para mostrar a arte. Muitas pessoas me ajudaram, escrevi para bailarinos que eu já tinha visto dançar ou que eram meus amigos pelo Facebook e aos poucos eles foram topando”, relata Leda sobre a criação do projeto que trouxe visibilidade para vários artistas.

O projeto contou com diversas apresentações, com bailarinos com e sem deficiência, para celebrar a diversidade e a inclusão.Neste último sábado (27), dentre as apresentações o público pode conferir a “Dança esportiva em cadeira de rodas, Ana Parente e grupo”.

Ana Parente, de 55 anos, foi acometida aos 11 meses de vida pela Poliomielite e descreve a dança como liberdade. “Quando eu danço eu me sinto livre, me sinto um pássaro. A dança mudou tudo na minha vida. Quando eu danço vou para outra galáxia.”

Solange Martins, de 43 anos, também faz parte do grupo, ela se viu em uma cadeira de rodas aos seus 19 anos, quando sofreu um acidente e acabou se redescobrindo.

“A dança fez eu conhecer meu corpo, fui me adaptando a novas modalidades dentro dela, dança do ventre, esportiva e fui conhecendo os meus novos limites e superando todos os obstáculos que eu achei que não tinha capacidade. As pessoas sempre falavam que era impossível e isso me motivou, nada é impossível quando se quer, nós somos capazes de tudo”, relatou a dançarina.

História sobre duas rodas 

Leda Maria nasceu em 1961, em São Paulo, e não demorou muito para a dança fazer parte de suas paixões, que englobam todo tipo arte. A artista relata  que assistia filmes que tinham a dança como cenário principal e que um pouco antes de 2006 foi em seu primeiro espetáculo.

“Meu amor pela dança começou quando eu era criança, assista todos os filmes de dança. Eu ficava me imaginando dançando com artistas, mas na minha ideia era algo inalcançável devido a minha deficiência, então eu não ligava muito, Um dia fui assistir um espetáculo com bailarinos com e sem deficiência - um deles Clayton Brasil - eu senti uma emoção gigante, me apaixonei pela dança”, relatou.

Leda se apaixonou pela dança e começou a fazer aulas em 2006 com o apoio de sua família e nunca mais parou. A menina que assistia o espetáculo mal sabia que Clayton Alves da Silva, mais conhecido como Clayton Brasil, seria seu professor e, hoje, seu par em grandes espetáculos.

“Em 2012 eu reencontrei o Clayton e senti que Deus havia colocado ele na minha vida. Ele foi meu professor de dança por alguns anos e me convidou para ser seu par e assim continuamos até hoje”, comentou Leda.

Clayton, de 46 anos, é natural de São Paulo e relata que ele e a artista possuem o mesmo sonho. “A gente tem um sonho, temos os mesmos ideais, que é dançar pela cidade de São Paulo para mostrar a diversidade. Aí eu convidei ela para ser meu par e até hoje a gente está junto nessa dança."

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