OPINIÃO

Os desarranjos na economia brasileira

17/04/2024 | Tempo de leitura: 2 min

Com uma alta real na receita de 9,84% em março, bem robusta, porém considerando que em fevereiro passado a alta tenha sido de 18%, o governo e o mercado projetam quedas e ou crescimento menores daqui para frente, indicando que o equilíbrio fiscal esperado para este ano, (resultado primário, sem os juros sobre a dívida interna) dificilmente ocorrerá.

Na condição de analista econômico, corroboro com essa análise, considerando inclusive que, em 2023, o resultado primário registrou um déficit de R$ 248 bilhões. E mais: as projeções orçamentárias para os anos de 2025 e 2026, que preveem superávits primário entre 0,25 % e 0,5 % do PIB - Produto Interno Bruto, também não deverão ocorrer.

Na realidade, as medidas implementadas pelo governo para aumentar a arrecadação estão se esgotando e, como ajustes pelo lado das "despesas" não foram feitos, somente poderão ocorrer melhoras através de ações sobre incentivos tributários, renúncias fiscais e subsídios. Questões sensíveis, pois interferem nos setores empresariais, de forma a não desestimular a atividade econômica e o emprego no país.

Outro fator relevante, como vimos, o dólar subiu para R$ 5,12, com efeitos negativos para a economia brasileira. É que a inflação nos Estados Unidos vem acelerando e o presidente do Banco Central Americano (Federal Reserve), Jerome Powell, já anunciou que a redução da taxa de juros por lá, hoje de 5,25% a 5,50% ao ano, somente poderá iniciar um ciclo de quedas no segundo semestre.

Nada positivo para o Brasil, pois o COPOM – Comitê de Política Monetária do Banco Central poderá ser mais conservador e reduzir em menor percentual a Taxa Selic que, no patamar atual, já bastante alta, vem inibindo investimentos e retardando a modernidade do parque produtivo nacional.

Esse conjunto de fatos torna-se preocupante, dados os seus reflexos na dívida interna que, em 2023, atingiu 87% do PIB – Produto Interno Bruto, percentual muito elevado para a economia de um país emergente que, a cada ano que passa, tem menos recursos para os investimentos necessários em saúde, educação e infraestrutura e, como necessário, de que forma gerar recursos para investir na "economia verde".

Relendo o livro de Stephens S. Cohen e J. Bradford Delong – "O Fim da Influência", que aborda como fica o mundo quando o dinheiro muda de mãos, os autores retratam fatos da economia americana, da Grã-Bretanha e da Europa Ocidental após a Segunda Guerra Mundial até os anos 70.

Em paralelo, do ponto de vista pessoal, analisando um fato econômico mundial, detectamos um crescente número de milionários e uma massa crescente de pobres em todo o mundo. O dinheiro vem mudando de mãos em uma direção inversa dos pobres para os ricos.

Messias Mercadante de Castro é professor de economia, Membro do Conselho de Administração da DAE S/A e Consultor de Empresas (messiasmercadante@terra.com.br)

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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