Em 1984 os jovens iam animados assistir a um novo filme que seria considerado icônico: “Os Caça-Fantasmas”. Quarenta anos depois, agora adultos, eles voltam para os cinemas nesta quinta-feira (11) e encontram mais um filme da sequência, que foi readaptado para o tempo atual. O fenômeno é conhecido como reboot, ou seja, a retomada de um conteúdo que já existe para uma nova produção.
“Os Caça-Fantasmas” não é um caso isolado. Na Disney, clássicos são readaptados desde 1996. Em entrevista ao The New York Times, o presidente de produção do Walt Disney, Sean Bailey, atirmou que a empresa pretende readaptar filmes para live-actions. Hércules, Moana e Lilo e Stitch já estão sendo produzidos.
Contudo, essa onda de reboots nem sempre agrada a todos. O público se divide quando chega a seguinte questão: até que ponto essas readaptações representam uma falta de criatividade dos estúdios?
“A opção dos estúdios por continuações, refilmagens ou reboots está ligada ao sucesso de uma fórmula já testada. É uma questão comercial, uma certeza maior de rentabilidade. Não tem a ver com falta de criatividade. Quando se tem uma marca que já foi um sucesso, é mais seguro investir nela de novo”, responde Rafael Amaral, crítico de cinema e jornalista.
O crítico acrescenta, falando que reboots podem gerar algumas insatisfações.
“O desânimo de alguns espectadores certamente tem a ver com a memória guardada da primeira versão. Por exemplo, a Netflix acabou de lançar em sua plataforma uma nova versão de ‘O Salário do Medo’. Quem conhece e gosta das anteriores, dos anos 1950 e 1970, certamente fica desanimado de assistir. Isso tem a ver com a nossa memória afetiva, com o receio de que o novo não estará à altura do anterior.”
Rafael relembra algumas tentativas falhas de reboots: “Há vários casos de continuações que são ruins. O último ‘Matrix’, por exemplo, é bem fraco, se pensarmos no primeiro de 1999, muito melhor. O último ‘Indiana Jones’ também não está à altura dos primeiros, dos anos 1980. Quanto a um reboot, um que acho muito ruim é ‘Caçadores de Emoção’. A versão dos anos 1990 é muito superior.”
O crítico também comenta sobre a genialidade dos roteiristas de deixarem resquícios de filmes passados no atual: “Funciona como uma piscadela ao espectador. Há casos de se usar um ator de um filme anterior na nova versão, ou fazer referência com uma cena, ou uma fala. O último ‘Jurassic Park’ faz isso ao incluir, no encerramento, uma cena em que todas as personagens se encontram e há um cerco de dinossauros. É uma referência a uma das cenas finais do primeiro filme da série, de 1993.”