BIODIVERSIDADE

Conheça 10 animais incríveis que vivem na Serra do Japi

Entre mamíferos, aves, répteis, anfíbios e invertebrados, a Serra é 'casa' de espécies com grande importância ambiental

Por Mariana Meira | 02/04/2024 | Tempo de leitura: 4 min

VICTOR FÁVARO AUGUSTO

Onça-parda, o maior felino das Américas, é uma espécie que vive na Serra e está ameaçada de extinção
Onça-parda, o maior felino das Américas, é uma espécie que vive na Serra e está ameaçada de extinção

Muito além da beleza exuberante e de seus contornos vistos pelas janelas de Jundiaí e de outras cidades da região, a Serra do Japi é "casa" de centenas de espécies de animais que, junto à flora local, contribuem com o equilíbrio do ecossistema e garantem a biodiversidade.

Infelizmente, de acordo com o biólogo Victor Fávaro Augusto, muitas delas estão ameaçadas de extinção, por motivos internos e também externos. "Cada dia mais os animais e plantas estão sumindo, sem que quase ninguém perceba. Nós, que estudamos essa biodiversidade há anos, temos percebido e ficado cada vez mais preocupados, porque pode ser que isso chegue a um nível sem precedentes", alerta.

Com ajuda dele (e fotos também!) o JJ listou 10 animais que podem ser encontrados na Serra do Japi e que devem ser preservados.

1) Sagui-da-serra-escuro (Callithrix aurita)

Um bicho que muita gente já deve ter visto por aí, esse é um pequeno primata endêmico da Mata Atlântica que vive na Serra do Japi. "Essa espécia está ameaçada de extinção principalmente pela perde de habitat e agravada pela disputa de território com espécies exóticas que já existem na região", explica o biólogo.

2) Onça-parda (Puma concolor)

Também conhecida no Brasil por suçuarana e leão-baio, esse mamífero carnívoro é o segundo maior felino das Américas. É um animal incrível, podendo chegar a quase 2 metros e meio, mas igualmente vulnerável, pela perda de habitat,  principalmente associada ao crescimento exagerado das cidades.

3) Borboleta-paixão (Dione vanillae)

O nome faz jus às suas cores alaranjadas com manchas marcantes, o que lhe dá também a denominação popular de borboleta-pingo-de-prata. É uma espécie nativa do sul dos Estados Unidos e Índias Ocidentais, mas amplamente encontrada no Brasil e presente na Serra do Japi, entre mais de 800 espécies que vivem ali, das mais comuns às mais raras, das mais coloridas às menos chamativas, das maiores às minúsculas. Vários estudos têm demonstrado que borboletas podem ser consideradas boas indicadoras de mudanças ambientais, configurando um dos grupos mais úteis para diagnosticar os efeitos de mudanças climáticas.

4) Mini abelha verde metálica

Sabe aquela famosa frase de que a humanidade não sobreviveria se as abelhas deixassem de existir? É verdade. "É um dos seres vivos mais importantes para a sobrevivência dos humanos", garante Victor. Existem mais de 1.500 espécies no mundo, sendo mais de 300 abelhas-sem-ferrão, mas todas ameaçadas: estudos indicam que elas e outros polinizadores podem diminuir em 13% até 2050, o que afeteria diretamente a reprodução de plantas e, consequentemente, a produção de alimentos.

5) Beija-flor-de-fronte-violeta (Thalurania glaucopis)

É um animal entre mais de 350 espécies de aves que habitam a Serra do Japi. Muito além de suas cores metálicas que, dependendo da luz, refletem e encantam, o beija-flor, assim como a abelha, é um polinizador: ele se a limenta do néctar e espalha o pólen das flores, promovendo a reprodução das plantas.

6) Suindara (Tyto furcata)

Também conhecida como coruja-das-torres ou coruja-da-igreja, é uma espécie que vive entre nós, habitando diversos lugares do mundo. Com carinha em formato de coração, essa coruja tem comportamento noturno, período no qual sai para caçar roedores e mosquitos, o que contribui e muito para o controle biológico de pragas, além de dispersar sementes pela floresta.

7) Jararaca (Bothrops jararaca)

"Pode causar acidentes graves por ser um animal peçonhento, mas não deve ser morta ou odiada por isso", esclarece o biólogo. Isso porque o ataque de uma jararaca é a forma de esse réptil se defender, enquanto cumpre um importante papel na biodiversidade. Além disso, tem uma grande relevância para a ciência, uma vez que estudos com a toxina da serpente levaram à sua utilização na farmácia, contribuindo para a criação do Captopril, um importante medicamento para controle da pressão arterial. "E não para por aí, estamos estudando muito a peçonha deste animal para tratamento de muitas outras doenças, incluindo alguns tipos de câncer", completa o especialista.

8) Aranha

Por mais assustadoras que possam ser para algumas pessoas, as aranhas são muito importantes, principalmente no controle de insetos. "Temos muitas espécies na Serra, algumas que provavelmente  as pessoas nem percebem", diz Victor. Essa pequena aranha da foto é uma exemplar do gênero Leucauge, é uma aranha de teia e vive no Brasil, com a missão de comer insetos diariamente.

9) Sapo-pingo-de-ouro (Brachycephalus rotembergae)

Principal ao grupo ao qual Victor dedica seu trabalho como herpetólogo, estudando não só as espécies da Serra como espécies do Brasil todo, os anfíbios são considerados os mais ameaçados da atualidade, não só pela perda de habitat como pelo aquecimento global e por uma doença que vem dizimando espécies no mundo todo. "São importantes indicadores de qualidade ambiental e para a manutenção da biodiversidade, pois podem servir de alimento para outras espécies de animais. Também são controladores de pragas", explica. Esse pequeno sapinho da foto aparece em uma moeda de 50 centavos para mostrar seu tamanho minúsculo. Apesar de miúdo, é venenoso: sua cor forte serve justamente para alertar possíveis predadores.

10) Rãzinha-de-corredeira  (Hylodes Japi)

Esse outro anfíbio ganha este nome científico porque é uma espécie exclusiva da Serra do Japi, dependendo ativamente da qualidade da água proveniente das nascentes. Também é um importante indicador de qualidade de ambiental e, segundo Victor, é alvo de pesquisas para saber se ocorre em outros locais.

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