SAÚDE

Medicina espiritual une fé e a ciência em busca pela cura

No Brasil, a medicina espiritual encontra terreno fértil em diversas vertentes religiosas

Por Rafaela Silva Ferreira | 01/04/2024 | Tempo de leitura: 3 min

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A medicina espiritual surge como uma alternativa que transcende o físico
A medicina espiritual surge como uma alternativa que transcende o físico

Em um mundo cada vez mais ávido por soluções para os males que afligem corpo e mente, a medicina espiritual surge como uma alternativa que transcende o físico, buscando a fé como caminho para a cura. A Organização Mundial da Saúde (OMS), inclusive, reconheceu oficialmente e inseriu a espiritualidade em seu conceito de saúde.

O urologista Eduardo Battel, também coordenador da Liga Acadêmica de Medicina Espiritual na Faculdade de Medicina de Jundiaí, explica o conceito. “Não é uma matéria obrigatória. A ideia é estudar, entender, como a medicina e a espiritualidade podem andar de mãos dadas.”

Factualmente, as raízes da medicina espiritual se entrelaçam com a história da humanidade. Desde os primórdios, diversas culturas reconheciam a influência de fatores espirituais na saúde e na doença. Xamãs, curandeiros e sacerdotes utilizavam rituais, orações, ervas medicinais e outras ferramentas para tratar enfermidades, reconhecendo a importância da harmonia entre o ser humano e o universo que o cerca. “No século XIX surgiu um novo conceito espiritualista em saúde, que possui uma visão integral do ser, tendo como foco a pessoa e não a doença. Ele leva em consideração a existência do espírito ou alma, dizendo que nós não somos somente matéria”, explica Battel.

De acordo com o urologista, no Brasil, a medicina espiritual encontra terreno fértil em diversas vertentes religiosas, como o espiritismo, a umbanda, o candomblé e o cristianismo. Cada tradição possui suas próprias crenças e rituais, mas todas convergem para o objetivo comum de promover a cura através da conexão com o divino. “A espiritualização da significância à vida e explica as adversidades, gera resiliência e resignação, potencializa a nossa fé, racionalizando-a. É uma necessidade, porém, precisa ser construída por cada um de nós.”

Com estudos e revisões literárias científicas, a certeza de um suporte “além” faz com que a angústia diminua, e os sentimentos favoráveis tragam conforto. “Não temos uma consulta especial”, explica o médico. “Apenas atendemos o paciente, explicamos o caso e se for uma situação de extrema urgência, sugerimos que busque a fé também, por exemplo.”

Eduardo ainda ressalta que a medicina espiritual não substitui a medicina tradicional. “Ela deve ser utilizada como um complemento, sempre em conjunto.” Ele também enfatiza que, particularmente falando, utilizar a medicina espiritual em sua própria rotina, é gratificante. “É uma prática que me agrada. A medicina é uma profissão que foi criada para ajudar e, somar essa ajuda com a fé, abre caminho para novas possibilidades de tratamento”, finaliza.

EXPERIÊNCIA

A metalúrgica Mariana Franco Matos, 45 anos, conta sua experiência. “No final de 2023, recebi o diagnóstico que abalou meu mundo: câncer de mama. A notícia me encheu de medo, insegurança e dúvidas. O tratamento convencional era a única opção que os médicos me ofereciam, mas algo dentro de mim buscava mais, uma conexão com o divino que me proporcionasse força e esperança.”

Foi então que ela descobriu a medicina espiritual. “Através de um amigo, conheci um centro espírita que oferecia tratamento para pessoas. Inicialmente, senti resistência, pois minha formação era totalmente científica. Mas, diante da incerteza e do medo, decidi dar uma chance à fé. No centro, participei de sessões de passes, meditação e orações. A cada dia, me sentia mais conectada com algo maior do que eu mesma. Ao mesmo tempo, continuei o tratamento médico convencional. A fé não substituía a ciência, mas a complementava, me dando força para enfrentar os efeitos colaterais da quimioterapia e da radioterapia.”

Hoje, Mariana ainda está em tratamento. No entanto, diz acreditar em uma cura. “Minha experiência com a medicina espiritual me ensinou que a cura é um processo que envolve corpo, mente e espírito. Vou continuar meu tratamento e vamos ver no que dá.”

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