
O calor começa do nada, sobe pelo tronco, até a cabeça, e finda em um calafrio, que faz arrepiar o corpo. Esta é a rotina de muitas mulheres que entraram no climatério, período que precede a menopausa, e é caracterizado por diversos sintomas, inclusive o descrito, chamado fogacho.
Ginecologista e presidente da Associação Brasileira de Climatério e professor da Faculdade de Medicina de Jundiaí (FMJ), Rogério Bonassi Machado explica que a menopausa é a última menstruação da mulher. "Climatério é um período amplo de transição entre a vida reprodutiva e a vida não reprodutiva da mulher. A menopausa está dentro do climatério, é a data da última menstruação. Se acontece antes dos 40 anos, é chamada de insuficiência ovariana precoce. Por definição, a menopausa acontece depois dos 40 anos, quando há produção menor de hormônios e a mulher entra em uma transição, há uma irregularidade da menstruação, que fica com ciclos mais curtos, e depois mais longos, durando meses, até o intervalo aumentar para um ano e depois parar", explica.
O médico diz que os calores costumam preceder a menopausa. "O fogacho pode acontecer antes da menopausa, não acontece necessariamente após a última menstruação, mas continua quando o ciclo fica mais longo. A média de idade da mulher brasileira para a menopausa é aos 48 anos, enquanto os sintomas e o calor começam, em média, aos 46. Além das ondas de calor, há problemas com sono, o humor começa a oscilar, transpiração fica excessiva e esses sintomas podem persistir até 3 ou 4 anos após a menopausa. Para uma minoria chega a durar até 10 anos após a menopausa."
Por conta disso e de outros problemas atrelados à falta de hormônios, Rogério explica que é importante o acompanhamento médico, para amenizar os prejuízos à saúde com o diagnóstico correto. "Diferentemente do anticoncepcional, que é uma opção, a reposição hormonal repõe com segurança os hormônios que faltam. A menopausa traz riscos, como o cardiovascular, porque o estrogênio protege o coração e, se fica baixo, é um ponto de preocupação, a osteoporose também é pela falta de hormônio e a reposição pode resolver sintomas e prevenir doenças."
NA PELE
Karine Santos, de 46 anos, vem tendo os sintomas do período e destaca os fogachos como algo difícil de lidar. "Tenho sintomas desde os meus 39 anos, mas não tive a menopausa ainda. Hoje, tenho cansaço, calor insuportável, queda de cabelo, dores de cabeça, dificuldade para dormir, para perder peso, irritabilidade. O fogacho é o pior, esquenta e depois dá um arrepio, como se fosse um calafrio", descreve.
Ela diz que ainda não teve recomendação médica para a reposição hormonal, mas cuida de aspectos como alimentação e exercícios físicos. "Na menstruação, o fluxo é absurdo, às vezes fico meses sem menstruar, às vezes menstruo duas vezes ao mês. Mudei alimentação, pratico exercícios físicos. A minha mãe entrou na menopausa muito jovem, então tinha possibilidade de acontecer comigo. A surpresa é que eu não sabia que o calor seria como é e as dores de cabeça eu também não esperava."
NOVA FASE
Farmacêutica, Fabiana Bonvini tem um perfil no Instagram (@dicasdemenopausa), no qual fala sobre o climatério, que começou a sentir aos 41 anos, no início da pandemia. "Minha menstruação parou de repente. Sempre fui atleta, me alimentei bem, mas comecei a ter secura na pele, secura na vagina, perda de massa magra, aumento de peso. Comecei a ir a médicos e cada um me recomendava algo, até que achei um em São Paulo que deu certo no início, mas depois virei paciente do professor dele, que é de Salvador. Ele viu meu conteúdo e quis fazer uma live, que deu certo, então decidi compartilhar conteúdo para as mulheres fazerem reposição hormonal correta, com um bom médico, saber lidar com o parceiro, desmistificar que na menopausa a mulher está velha."
Fabiana ressalta que a menopausa é só uma nova fase na vida da mulher. "A produção hormonal começa a cair com 35 anos, tem vários casos de mulheres que tiveram menopausa precoce. Tem mulher que não tem sintomas, que não tem calor, mas perde a libido e acha normal por estar casada há anos, perde massa magra, osso. Por isso é preciso cuidar da alimentação, praticar exercício. Somos hormônio, tanto homem quanto mulher. Hoje, com expectativa de vida maior, a mulher vive metade da vida na menopausa, mas a menopausa é só uma fase nova, não é o fim da vida", conclui.