OPINIÃO

Vindos da Fenícia

15/02/2024 | Tempo de leitura: 3 min

Uma mulher pagã, nascida na Fenícia da Síria, conforme relata o Evangelho (Marcos 7, 24-30 ou Mateus 15, 21-28), soube que Jesus estava na região de Tiro e Sidônia, e foi ao Seu encontro.

Sua cultura era totalmente diferente da formação dos judeus. A religião dos fenícios era politeísta e antropomórfica. Cada cidade tinha seu deus. Em Tiro rendia-se culto a Melcart e Tanit. De Sidon, o Baal era Eshmun (deus da saúde).

Essa mulher, cuja formação era de uma terra pagã, aborda Jesus e Lhe suplica que expulsasse de sua filha o demônio.

Que motivaria uma pessoa, que acreditava em outros deuses, ter a consciência de que Jesus era capaz de expulsar o mal?

Jesus disse: "Deixa primeiro que os filhos fiquem saciados, porque não está certo tirar o pão dos filhos e jogá-lo aos cachorrinhos". A expressão cachorrinhos era comum entre os judeus para se referir aos pagãos. Ela respondeu: "É verdade, Senhor; mas também os cachorrinhos debaixo da mesa, comem as migalhas que as crianças deixam cair". Por sua fé simples e firme, fez com que a novidade chegasse a uma casa pagã. Sua filha é curada.

Há alguns dias, uma integrante da Pastoral da Mulher/Magdala, que se mudou para outro Estado, enviou-nos uma carta. Conheceu o grupo através das mãe, em uma festividade em que filhos e netos também se encontravam e pediu para participar. Mulher com profundidade na fé. Testemunhou: "Hoje percebo o quanto me faz falta as reuniões às quartas-feiras, o quanto gosto de ser uma de vocês. (...)

A Pastoral continua sendo minha referência de como me manter nos trilhos de Cristo, da importância de não julgar e amar o próximo, de resistir ao mal e seguir firme. (...)

Sigo com estas palavras de Santa Teresa D'Ávila que na Pastoral aprendi: 'Nada te perturbe/ Nada te amedronte/ Tudo passa/ A paciência tudo alcança/ A quem tem Deus nada falta, / Só Deus basta!'

Não poderia esquecer do Padre Márcio Felipe. Peço-lhe que continue orando por nós".

Que motivaria essa moça a permanecer conosco, a não ser Jesus Cristo?

Neste período, uma outra moça, que já viveu incontáveis desencontros, mas sem se perder da esperança, me falou a respeito de sua diversidade na fé: "Gente como eu, muito quebrada por dentro, não consegue manter uma única direção." Em outro momento afirmou que é ela um quebra-cabeça construído com pedras que não se encaixam. Contudo, na Festa da Sagrada Face, após a Missa no Carmelo São José, escreveu em seu Face: "Dopamina de Deus logo cedo. Fico feliz por honrar a Sagrada Face de Jesus".

Retorno à semana passada, quando estive com o Padre Márcio Felipe, Pároco e Reitor do Santuário Santa Rita de Cássia para confissão e orientação espiritual. Foi ele quem me disse sobre o encontro de Jesus com a mulher nascida na Fenícia e me deixou claro que não posso impedir, por qualquer motivo, a aproximação dos "vindos da Fenícia", daqueles que não são bem vistos aos olhos do mundo ou aos meus olhos, como também devo me aproximar dos com quem posso ter alguma barreira, por ser nas estradas da vida que se demonstra o compromisso com o Reino de Deus.

O Senhor é bom e não deixa ninguém de fora - Padre Márcio Felipe acrescentou. No Reino do Céu não há melhores e piores, somente filhos. Mas é preciso fé-desejo e fé-adesão.

Maria Cristina Castilho de Andrade é professora e cronista (criscast@terra.com.br)

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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