OPINIÃO

Desmistificando o jejum

10/02/2024 | Tempo de leitura: 3 min

A história da humanidade é pautada na fome e na sobrevivência. O nosso organismo parece ter sido programado para lidar com a fome, pois não era sempre que os seres humanos tinham acesso ao alimento.

Durante toda a história da nossa evolução, nunca tivemos tantos problemas de saúde como nos últimos anos, pelo excesso de alimentação.

Desde a época que antecede todas as religiões, culturas e ideologias, o jejum já era praticado, pois era algo natural, utilizado tanto como medicina como para práticas espirituais, como uma forma de conexão entre o homem e as divindades, dentre as tantas e distintas religiões, desde os primórdios da nossa existência.

Hoje, cultura, religião e a ciência andam de mãos dadas quando o assunto é jejum. Há mais de duzentos mil artigos científicos abordando o tema e mostrando que não é apenas uma dieta da moda, mas algo muito mais profundo.

Na Bíblia encontramos três tipos de jejum. A base de pão e água: é aquele em que a pessoa come somente pão e bebe apenas água. Jejum a base de líquido: a pessoa que está jejuando ingere somente líquido. Jejum normal: a pessoa que jejua não come nada, apenas bebe água.

Hipócrates, o pai da medicina ocidental, utilizava o jejum como tratamento de doenças agudas e crônicas, partindo da observação de que a infecção era frequentemente acompanhada por perda de apetite.

A medicina ayurvédica, o sistema de cura mais antigo do mundo, sempre defendeu o jejum como um tratamento de saúde importante. O Sushruta Samhita, escrito há cerca de dois mil anos, recomenda que uma pessoa saudável deve comer duas refeições por dia, dentro de uma janela de cerca de seis horas, ficando por volta de dezoito horas sem comer entre essas refeições.

Como tudo nesta vida, não é para todo mundo, tem que ter bom senso e orientação de algum profissional da saúde experiente na área, como médicos nutrólogos, de medicina integrativa e nutricionistas. Mulheres grávidas e crianças não devem fazer, diabéticos necessitam de orientação e acompanhamento.

O jejum intermitente é um método que consiste em alternar períodos de jejum com períodos de alimentação, o pode ajudar nas estratégias de controle do peso corporal e outros benefícios para a saúde. Este tipo de jejum está nos holofotes da mídia. Consiste na abstinência da ingestão de alimentos por períodos determinados, o que permite que nosso organismo possa focar em funções de reparo celular e rejuvenescimento dos tecidos, invés de despender nossa energia com a digestão.

Quando estamos em jejum nosso corpo destrói células danificadas, isso é chamado de autofagia. Além de diminuir a inflamação. Dentre os benefícios do jejum estão ainda o aumento do metabolismo (estimula a queima de gordura), porém não promove a perda de massa magra como imagina-se, se for feito da maneira correta. Além do que, é possível fazer exercício físico em jejum.

O jejum diminui a produção do cortisol (hormônio do estresse), estimula o HDL (colesterol bom, responsável por eliminar gorduras), diminui os triglicérides (se os níveis estão altos no sangue, há aumento do risco de doenças cardíacas e outros problemas de saúde), previne o câncer, o diabetes, regulando os níveis de açúcar no sangue, aumentando a longevidade do organismo, a concentração e com tudo isso, nosso cérebro agradece.

Não precisamos de tanta comida para sobreviver. Chegou a hora de quebrar este paradigma colocado fortemente em nossas mentes, de que é preciso comer muito para ter saúde. A ciência vem mostrando o oposto. É preciso comer menos e melhor. Porém, ingerir muitos líquidos e ter uma vida mais ativa de movimentos e mais leveza para nossas mentes e emoções. Reflita sobre isso e caso se interesse, busque ajuda profissional. Muita saúde a todos.

Liciana Rossi é educadora física (licianarossi@terra.com.br)

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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