OPINIÃO

Somos avaliados pelos erros ou por medo

15/12/2023 | Tempo de leitura: 3 min

Já repararam nisso?

Então! É muito comum depararmos com esses resultados, pois há casos em que a pessoas têm e mantêm conduta exemplar e, por um descuido, comete erro e é julgado e condenado a pena máxima.

Exagero não!

Infelizmente é assim que somos avaliados, quando, a meu sentir, deveria ser o contrário, até porque estamos tratando de e com seres humanos, sujeitos a erros e acertos.

Assim, de mesmo modo que somos avaliados pelos erros, deveríamos ser exaltados quando dos acertos, não é mesmo?

Há situações que a avaliação tem que ser de forma drástica e severa quando o erro decorre da vontade livre e consciente, não se aplicando a atenuante porque, em princípio, deixa de ser erro, mas a vontade de o cometer.

Exemplo clássico são as ofensas que aumentaram significativamente contra as mulheres, em especial as casadas sob a ideia de que devem ser submissas e, por assim serem, podem ser usadas da maneira e forma que o marido quiser gerando a alguns a sensação de que são "donos" e portanto, podem usá-las de qualquer modo tal qual o "Coronel Jesuíno" da novela "Gabriela", levada ao ar no ano de 2012.

Nessa mesma trilha são os comportamentos maldosos contra a diversidade na medida em que se insistem em ataques homofóbicos, religiosos, racistas, machistas sob a imaginação da inferioridade dessas pessoas e que elas são menos humanas que o racista.

É certo que essa cultura é imposta há séculos e, por obvio, não sentiremos mudanças a curto ou médio prazo, pois que exige mudanças de alta monta a começar pelos materiais didáticos e, obrigatoriamente, pela formação da nobre classe dos professores em todos os níveis de ensino.

De outro lado, considerando que esses segmentos crescem sem a propaganda maciça, não é inteligente ignorá-las, pois o número é elevado e, por assim ser, são consumidores em potencial, em todos os ambientes, quer financeiro, quer comercial, prestação de serviços, educação, cultura, saúde, segurança, justiça etc.

Apenas para retomar os temas, é preocupante o crescimento das denúncias de intolerância religiosa, vez que os dados estatísticos informam que os ataques alcançaram o patamar de 106% no período de 2021 a 2022 ( 3 denúncias a cada dia) e as maiores vítimas são as religiões de matriz africana, pois que toda a pratica religiosa é classificada por demoníacas apenas e tão somente pela ideia de macula-las e por medo de perder seguidores o que não se justifica, bastando simplesmente colocar em pratica a palavrinha mágica "respeito".

Outro dado estatístico também muito interessante diz respeito ao crescimento dos seguidores das religiões de matriz afro, atualmente em grande parte por pessoas não negras e detentores de nível educacional e financeiro mais elevado e, com destaque, sem a divulgação por mídia pesada (jornais, rede de rádio e TV), praças públicas, visitas domiciliares aos finais de semana) e todos os ataques que experimentam todos os dias.

Já repararam também que personalidades artísticas passaram a assumir publicamente que são adeptos desse segmento religioso, antes se mantendo em silencio por medo de represálias ou constrangimentos e, de mesmo modo, milhares de pessoas em todo o Brasil, apesar de ignorarem ou até por desrespeito ao longo do ano e, na virada comparecem a orla marítima vestidos com roupas brancas prestando, com respeito, homenagens a Iemanjá, saltando as 7 ondas, etc e etc? Se agem assim deveriam ampliar o respeito ao longo dos anos e se confirma que o número de seguidores é muito alto.

De um modo ou de outro, em qualquer dos temas ora abordados, a palavrinha "respeito" é fundamental na avaliação de cada caso concreto, o que, em grande parte, recomenda, inclusive, a pratica da empatia ou que esteja muito perto da realidade para o fim de chegar ao importante juízo de valor, sem qualquer espécie de discriminação.

O respeito absoluto, na linha da crônica anterior, o que se esperança é dar às pessoas o que elas precisam, para que tenham acesso e recebam oportunidades em igualdade de condições. É sonho.

Eginaldo Honorio é advogado, doutor Honoris Causa e conselheiro estadual da OAB/SP (eginaldo.honorio@gmail.com)

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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