Penso que minha primeira referência sobre Nossa Senhora, através de meus pais, veio da oração da "Ave-Maria" e da música: "Mãezinha do céu, eu não sei rezar/ Eu só sei dizer: Eu quero te amar/ Azul é seu manto, branco é seu véu/ Mãezinha eu quero te ver lá no céu". E o encanto, a devoção e o amor por Nossa Senhora permaneceram ao longo das décadas.
A Igreja celebra hoje a festa de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, Padroeira do Brasil.
No sábado passado, na Missa no Carmelo São José, nosso querido Bispo Emérito, Dom Vicente Costa, comentou sobre os mistérios da alegria, dor, glória e luz que envolveram a vida de Nossa Senhora e Seu Filho Jesus. Disse sobre o primeiro momento de mistério de Nossa Senhora, quando o anjo entrou onde ela se encontrava e anunciou que seria Mãe do Salvador. Em princípio, ela se perturbou, depois perguntou como se daria e em seguida proclamou: "Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra!"
Imagino que, no primeiro momento, os pescadores João Alves, Felipe Pedroso e Domingos Garcia, todos devotos da Virgem Maria, ao recolherem, nas águas do rio Paraíba do Sul, parte de uma imagem sacra, se questionaram. Afinal estava ela sem a cabeça. Lançaram a rede novamente e pescaram a cabeça da imagem de Nossa Senhora da Conceição. Era 1717. Aparecida fazia parte de Guaratinguetá e o povo planejava uma festa em homenagem a Pedro Miguel de Almeida Portugal e Vasconcelos, conde de Assumar, que estava de passagem pela região a caminho de Vila Rica - atual cidade de Ouro Preto em Minas Gerais. Diversos pescadores, portanto, estavam no rio, com o propósito de procurar peixes para serem oferecidos ao nobre. A partir da imagem no barco, pescaram inúmeros peixes, algo que foi considerado milagroso e iniciou a devoção.
São mistérios e como também nos disse Dom Vicente, os mistérios de Deus são projetos de amor para nossa vida.
Em sua homilia na Novena do Santuário de Nossa Senhora Aparecida, o Padre Márcio Felipe de Souza Alves, Reitor do Santuário Santa Rita de Cássia, comentou sobre a fala de Nossa Senhora em Bodas de Caná: "Fazei tudo o que Ele vos disser" (Jo 2,5), como caminho perfeito para a primeira vocação a que Deus nos chama: "a Santidade"! Há uma outra colocação dele que desejo partilhar sobre Maria nos ensinar que vocação é graça e missão: "É por isso que nos colocamos a caminho, a exemplo dos discípulos de Emaús (cf. Lc 24,13-35), que num primeiro momento se sentiram abandonados, mas ao reconhecerem Jesus, no partir do pão, os seus olhos se abrem, e redescobrem a alegria da vocação. Retornar para Jerusalém, como os discípulos de Emaús, é o itinerário mais seguro que podemos trilhar, pois neste caminho, mesmo sofrendo com os desafios que a vida nos impõe, encontraremos forças necessárias para superar toda dor que nos faz pensar em desistir da nossa vocação".
Penso nos mistérios de Deus em minha vida, nos quais nem sempre me disponho a fazer a Sua vontade.
Não adoro imagens, adoro a Deus. Amo os acenos do Céu, dos quais de Nossa Senhora, intercessora são mais fortes. Amo Nossa Senhora, com seus títulos diversos, que me acolheu como filha aos pés da Cruz!
Que Mãe Aparecida interceda junto a Deus para nos fazermos mais dos projetos dEle!
Maria Cristina Castilho de Andrade é professora e cronista (criscast@terra.com.br)