NATALIDADE

Número de bebês com baixo peso ao nascer aumenta

Por Nathália Sousa | Jornal de Jundiaí
| Tempo de leitura: 4 min
Arquivo pessoal
Manuela Vitória, filha de Vanessa Cristina, nasceu com menos de 2kg e ainda perdeu peso até ter alta
Manuela Vitória, filha de Vanessa Cristina, nasceu com menos de 2kg e ainda perdeu peso até ter alta

Em Jundiaí, o número de crianças que nascem com baixo peso voltou a aumentar. De acordo com dados do Observatório Jundiaí, extraídos do DATASUS, plataforma de dados do Sistema Único de Saúde, em 2022, o percentual de nascidos vivos na cidade com menos de 2,5 kg foi de 9,7%. Em 2021, tinha sido de 9,44%; em 2020, foram 9,1%; 8,81% em 2019; e o mesmo número em 2018, quando aconteceu uma queda em comparação a 2017, ano em que o índice foi de 9,93%.

De acordo com o neonatologista do Hospital Universitário (HU) de Jundiaí, André Grion, diversos fatores levam a isso. “Nascer com peso baixo é mais comum do que se imagina. As causas são multifatoriais, podemos citar como exemplo a prematuridade, a restrição de crescimento intrauterino, o estado nutricional materno, tabagismo, doença hipertensiva gestacional, uso de drogas e álcool, entre outras.”

“A restrição de crescimento intrauterino é definida quando o peso se encontra abaixo do percentil 10 para a idade gestacional. Já o baixo peso acontece quando a criança nasce com o peso inferior a 2,5 kg. A prematuridade, por sua vez, é quando a idade gestacional é inferior a 37 semanas. Essas alterações podem ser facilmente identificadas no pré-natal, quando bem realizado, e medidas devem ser tomadas para mitigar o risco para o recém- -nascido”, explica.

O médico diz que há diferenças entre a prematuridade e o baixo peso de acordo com a idade gestacional. “Mesmo que um recém-nascido seja prematuro, ele pode ter o peso ideal de acordo com a idade gestacional. Quando se fala de idade gestacional adequada, não é necessário nenhum cuidado específico para com o recém-nascido. Já para recém-nascidos de baixo peso e os prematuros, devemos ter alguns cuidados específicos em relação ao controle térmico e à possibilidade de dificuldades alimentares”, afirma.

LUTA

Com um nome cheio de significados, Manuela Vitória, filha de Vanessa Cristina, nasceu com uma síndrome rara, chamada Silver Russel, que afeta o ganho de peso. “Ela nasceu prematura, com 36 semanas. Na gravidez, ela já não ganhava peso e nem crescia. Ela nasceu com 1,995 g e chegou a pesar 1,800 g, porque foi perdendo peso depois de nascer. Não pude amamentar, então ela sempre tomou fórmula, mas achávamos estranho que ela não ganhava peso, então entramos com suplemento e ela ficou internada na UTI por 15 dias até ganhar peso. Depois, descobrimos que ela tem uma síndrome chamada Silver Russel. Ela ainda tem dificuldade para ganhar peso, está com 2 anos e 5 meses e tem 7,5 kg, que é o peso de um bebê de 4 ou 5 meses.”

“Até hoje é uma luta para ela ganhar peso. Quando ela nasceu, tinha que dar leite certinho de 3h em 3h, porque senão tinha o risco de ganhar ou perder peso fora do esperado. Só me liberaram para trazer a minha filha para casa quando ela estava com 1,995 g, o mesmo peso que ela nasceu. Ela é minha segunda filha, meu primeiro filho nasceu enorme, então eu morria de medo de dar banho nela, meu marido que dava, e foi muito angustiante, mas, com o tempo, não tinha o que fazer, então fui pedindo ajuda a Deus e me acostumei”, conta Vanessa sobre a adaptação com a filha pequena em casa.

Quem também nasceu com baixo peso foi Pietro, filho da Renata Polli. Na época, Renata foi surpreendida pelo parto antes da hora. “Ele nasceu prematuro, só que tinha baixo peso para o tempo gestacional, chamam de PIG, que é Pequeno para a Idade Gestacional, porque ele tinha parado de se desenvolver. Com 31 semanas de gestação, eu passei mal e fiquei internada, sendo monitorada. No fim da semana, quando ele completou 32 semanas, minha pressão subiu e eu tive uma parada cardíaca, então precisaram fazer uma cesárea de emergência. Ele nasceu com 1,300 g e 39 centímetros.”

Ela conta que, na época, em 2003, não tinha nem fralda para o filho, pois a de recém-nascido ficava muito grande em Pietro. “Ele nasceu respirando, fez uso de oxigênio, mas não precisou ser entubado. Fiz canguru com ele e, no começo, não pôde nem mamar, porque ele ia perder peso com o movimento de sucção, então ele recebia 1 ml de leite a cada 3h por sonda. O médico disse que quando ele chegasse em 1,500 g, poderia ir para casa, então ele ficou na UTI, depois foi para o quarto e depois de 21 dias levei ele para casa, mas com restrições.”

20 anos depois, Pietro é um adulto saudável, mas Renata conta que o começo foi muito complicado. “Tem o impacto no começo, mas depois acalma. Ele mamou no peito até os três anos, com sete meses começou a comer outras comidas e não ficou com sequelas, porque nasceu respirando. Não era uma gravidez de risco, eu estava bem, mas tive um pico de pressão que não deu para controlar”, relata.

Renata Polli precisou de cuidados específicos com o filho Pietro
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André Grion fala que diversos fatores levam ao baixo peso ao nascer
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