Opinião

Dom Vicente e seu cajado

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Na próxima terça-feira, dia 19 de setembro, faz 25 anos que o querido Dom Vicente Costa, nosso Bispo Emérito – em franca atividade -, foi ordenado Bispo, sendo que parte desses como o Pastor maior de nossa Diocese. A Missa em Ação de Graças será às 10hs na Catedral NSD.

Quando soube quem seria o nosso próximo Bispo, o querido Dom Gil Antonio Moreira, atual Arcebispo de Juiz de Fora, comentou que, no tempo em que estudaram juntos em Roma, era ele conhecido como Sacerdote Sorriso. Alegrei-me de imediato. O sorriso é uma característica daquele para quem o outro tem valor, ou seja, todas as pessoas importam, independente de quem possam ser. E, no sorriso, os desiludidos são convidados à esperança.

Admiro sua inteligência marcante, sua profundidade nas homilias e todas elas de maneira didática. Impossível, após sua fala, não trazer comigo a essência da Palavra de Deus e aquilo que o Senhor me pede. Seu dinamismo também chama a atenção.

Durante seu tempo de episcopado, antes de ser emérito, tivemos alguns ruídos de comunicação. Quando algo me incomoda necessito de olhos nos olhos. Embora discordasse de certas insistências minhas e descontentamentos, jamais deixou de me ouvir ou encerrou o diálogo e eu, em tempo algum, mesmo na distância, deixei de respeitá-lo e de reconhecer nele o meu Pastor. O querido Padre Márcio Felipe, Reitor do Santuário Santa Rita de Cássia, diversas vezes me repetiu que, dentre as qualidades de Dom Vicente, está a de não guardar rancor.

Destaco um pouco dos fatos pessoais pelos quais lhe devo gratidão. Não houve uma vez em que, ao se encontrar comigo ou com alguém próximo deixasse de perguntar por nossa mãe e de lhe mandar um abraço e uma bênção. Ela se alegrava com essa deferência e dizia: "Dom Vicente gosta mesmo de mim".

Nos poucos dias de enfermidade de nossa mãe – uma semana -, no sábado que antecedeu o chamado final do Céu a ela, telefonou-me preocupado no início da noite, porque eu me encontrava sozinha em casa. Escolha minha. Precisava estar no silêncio com Deus para entrar na verdade do que acontecia. Ele almejava alguém junto, por considerar que não era bom, na solidão, receber uma ligação do hospital.

Assim que ela partiu, ligou-me com palavras consoladoras.  Na Missa de Sétimo Dia, que não pôde celebrar, esteve no início, falou sobre ela e nos confortou.

Atualmente, o encontro, aos sábados, na Missa que celebra no Carmelo São José e, após, trocamos algumas palavras. Há três semanas, ele se fez próximo de onde me mantinha e disse: "Me dê uma notícia boa". Perguntei-lhe: "Notícia boa sobre o quê?". Respondeu-me que era acerca da cura do meu familiar tão querido, por quem ele tem rezado. Emocionei-me! Ele não tem ideia. Quando poderia pensar que Dom Vicente, com inúmeros   compromissos e amizades, estava tão em sintonia com minha preocupação e prece!

A respeito de seu cajado: quantos caminhos já abriu para quem não se depara com uma chama de vela a fim de alcançar a direção oposta aos precipícios. A respeito de seu cajado: quantos degraus para o firmamento indicou a quem tem nas mãos uma lamparina. A respeito de seu cajado, entregue há 25 anos, nele, além de suas mãos, se mantém o seu coração voltado para as dores do povo.

Parabéns e gratidão!

Maria Cristina Castilho de Andrade é professora e cronista (criscast@terra.com.br)

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