Opinião

Vem ao meu jardim

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"Vem ao meu jardim" é verso de uma música cantada, no Carmelo São José, no último sábado, na Missa em que aconteceu o "Rito de Profissão Temporária" da Irmã Paulina Maria de Jesus Eucarístico.

Jovem plena de claridade, que escolheu para sua vida ser Monja Descalça da Ordem da Bem-aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo. Naquele dia, assumiu, para seguir mais de perto Jesus, o compromisso: da castidade pelo Reino do Céu, de abraçar a pobreza voluntária e de oferecer a oblação da obediência.

Três empenhos dos quais o mundo em que vivemos busca se distanciar: castidade, desapego e obediência. Vivemos assediados: pelas mais diversas formas de prazer, pelo consumismo e pela indisciplina.

Irmã Paulina Maria, porém, como as demais Monjas, fizeram o convite para o Senhor estar em seu jardim na prece, no jejum, no sacrifício, no trabalho e acolhimento e repetem como foi cantado: "Eis-me aqui...O que mandais fazer de mim?" Essa experiência de Deus, que vivem, transborda além dos muros do Carmelo. Gratidão.

Missa presidida pelo Padre André Viana do Santuário São José de Tatuí e concelebrada pelos Padres Félix Xavier, Fernando Meira e Samuel M. Romão.

"Vem ao meu jardim". Recordei-me do jardim do Getsêmani no monte das Oliveiras, onde Jesus, em agonia, se vê sozinho em oração, pois Pedro, Tiago e João, a quem pediu para que vigiassem com Ele e orassem para não caírem em tentação, adormeceram. Depois disso, Judas Iscariotes, o traidor, chegou com a coorte e os guardas dos pontífices e dos fariseus para prender Jesus.

Padre André fez três colocações, dentre outras, que me tocaram demais,  pois devem também estar no caminho de todos aqueles que desejam seguir o Senhor: a Carmelita é alguém que busca sempre o rosto de Deus e é mestra do Amor; quem deseja um beijo de Jesus na face tem que aceitar que um espinho de Sua coroa o espete, em alguns momentos, Jesus nos oferece , como presente, na caminhada para o Céu, uma lasca de Sua Cruz e, no final de nossa vida, a Sua Cruz inteira, para experimentarmos a ressurreição.

Tão verdadeiro, se buscamos a Eternidade. Aqui é tempo de, atentos, transformar a dor e o sofrimento em prece. Aqui é tempo de aceitar o ósculo de Jesus Cristo que segue ao nosso lado com sua coroa de espinhos e não de nos afastarmos dEle por medo de sofrimento. Aqui é tempo de carregar no coração as lascas de Cruz, como cinzel, para remover o que não é Deus.

Retornando à letra da música: "Na noite escura eu busco a Quem minh'alma ama. /No meu jardim tão árido fez Sua morada..."

Convido o Senhor para o jardim da minha alma improdutiva com tantas buscas de mim mesma, de meu eu e quase sem espaço para Ele.

Como nos disse, no Santuário Diocesano Santa Rita de Cássia, o Pe. Márcio Felipe de Souza Alves, em sua homilia no último domingo, somos como adolescentes, incapazes de não nos misturarmos com o mundo. Peçamos, portanto, como pediu Salomão (1 Reis 3,9): "Senhor, meu Deus, tu fizeste reinar o teu servo em lugar de Davi, meu pai. Mas eu não passo de um adolescente, que não sabe ainda como governar. (...) Dá, pois ao teu servo um coração compreensivo, capaz de governar o teu povo e de discernir entre o bem e o mal".

Peço e insisto, dá-me, Senhor, o discernimento e a escolha do bem.

Maria Cristina Castilho de Andrade é professora e cronista (criscast@terra.com.br)

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