Opinião

Estrela do mar

20/07/2023 | Tempo de leitura: 3 min

Vejo a moça uma vez por ano, no aniversário da querida Nicolina Nogueira, que é um encanto de pessoa. A Nicolina e seu irmão foram alunos de nossa mãe em 1945. Reencontraram-se, envolveram-na em carinho e passamos a participar do aniversário dos dois, que pedem como presente um item de cesta básica para a Magdala. Família adorável. Em oito de julho, estivemos com eles.

Tenho carinho pela moça que é de olhos transparentes e fala mansa. Transpira generosidade. Aproximou-se para me dizer sobre dois fatos relativos a Nossa Senhora. É ela de religião de matriz africana e nos respeitamos em nosso caminho de espiritualidade.

Sua convicção sobre o aconchego de Maria veio a partir de um sonho. Estava em uma fase difícil da vida, sozinha com as filhas crianças. Acabara de se separar a partir da impossibilidade de um relacionamento saudável. Que rumo tomar a inquietava. Uma noite, sonhou que, após caminhar muito, chegou a um muro altíssimo. Não havia como prosseguir. De imediato pensou: "E agora? Como faço? Não há como continuar". Olhando para cima, viu uma mulher linda, vestida de claridade, que a observava com carinho. Acordou do sonho impactada. Entendeu que não estava sozinha. À tarde, acompanhou uma amiga numa livraria de artigos religiosos. Na porta estava a imagem dela: Nossa Senhora da Conceição. Adquiriu-a assim que pôde e a tem com ela. Embora sua luta fosse grande, portas foram lhe abrindo para sua vida profissional.

É bom destacar que não adoramos imagens. São elas como fotos que nos fazem lembrar em quem devemos nos inspirar, com quem podemos contar.

O segundo fato é sobre seu sobrinho-neto. Cresceu em família com opção religiosa que exclui Maria, Mãe de Jesus. Há uns três anos, no dia 12 de outubro, o menino estava em sua casa quando passou a procissão de Nossa Senhora da Conceição Aparecida. Perguntou-lhe o que era. Explicou-lhe sobre a Senhora, cuja imagem foi encontrada pelos pescadores, em outubro de 1717, no rio Paraíba do Sul. Numa época de escassez de peixes, a partir do encontro da imagem, aconteceu a fartura, com os pescadores fazendo várias viagens para levar os pescados até a margem do rio.

O menino, com o coração tocado, passou a pesquisar sobre a Virgem Maria e, na escola, a professora, com quem mais se identifica, é devota e lhe trouxe, além de conhecimento, inspiração para caminhar sob a proteção da Serva do Senhor.

Concluindo, contou-me que o garoto, de 12 anos, serve o Altar e está se preparando para o Batismo e a Primeira Comunhão. Com isso, acabou levando gente dele para a Igreja. Quando lhe perguntei em que paróquia, respondeu-me que no Santuário Diocesano Santa Rita de Cássia, cujo reitor, Padre Márcio Felipe, se tornou modelo para ele. Emocionei-me. Ela desconhecia que vou à Missa lá e a ternura e a gratidão, desde Seminarista, que minha família tem pelo Padre Márcio Felipe, que é tão devoto de Nossa Senhora. Amo o Santuário e sua gente! Forte demais! Pontos de convergência divinos!

No último domingo, lembrei-me dela e do menino, na festa de Nossa Senhora do Carmo no Carmelo São José, enquanto as Monjas cantavam: "Ó Flor do Carmelo, videira em flor! / És Virgem fecunda, és Mãe singular, / da terra esperança, do Céu esplendor! / Ó Mãe de ternura, Estrela do Mar."

Maria Cristina Castilho de Andrade é professora e cronista (criscast@terra.com.br)

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