Opinião

O corte energético

30/06/2023 | Tempo de leitura: 3 min

Tenho falado bastante nas últimas semanas sobre a construção de uma estrutura energética ao redor da nossa realidade física. Inclusive falei da beleza que existe ao criar uma estrutura para um relacionamento, onde as quantidades de energia são compartilhadas de forma a se distribuírem sobre as bases que irão constituir a aura que envolve a união de ambos, tal como o peso de uma casa se distribui nos pilares de sua fundação.

No entanto, o que acontece quando essa estrutura carece de manutenção adequada? Vamos supor que uma das partes começa a se sentir insatisfeita com o que está fazendo, por uma variedade de motivos, parando de fornecer a quantidade de energia adequada (às vezes sobrecarregando a outra parte).

A estrutura começa a ficar comprometida e consome mais energia do que seus proprietários gostariam. Neste ponto, caso a gente esteja falando de um relacionamento romântico, notamos um desgaste na relação, onde um não fala muito do outro, não quer saber muito do outro, não se preocupa com o bem-estar do outro.

Surgindo isso, é chegado o momento de fazer algo para sustentar novamente a estrutura, ou, se ela estiver muito danificada, podemos considerar desativar essa relação e tomar de volta o que é útil dentro dela. Chamamos isso de "corte" energético, ou seja, o encerrar de um processo para que surja o espaço de novas coisas acontecerem

Normalmente, dentro da nossa cultura, temos medo e um certo estigma deste processo, especialmente quando se trata de um amor romântico! Crescemos em meio a fábulas e mitos que envolvem "amor eterno" ou "até que a morte os separe" ou (ainda pior) "se o amor acabou é sinal de que ele nunca foi verdadeiro".

Acho esta última particularmente terrível e cruel, pois invalida todas as boas coisas que foram feitas e usufruídas enquanto a relação era forte e saudável.

Ora, devemos deixar alguns destes preconceitos de lado, pois acabam gerando mais dor em um processo que já é exigente e desagradável (o desconstruir de algo, que, certamente foi um sonho, um dia) e pode adiar e fazer sofrer, além do que é preciso, alguma parte que insiste em investir em uma estrutura falida, só porque tem receio de desfazê-la.

Os produtos de uma relação são genuínos, sempre; são provenientes do amor, quando este fazia da estrutura forte e saudável sua morada e são herança de ambos, sejam lembranças, bens e eventos ou mesmo novos relacionamentos, como o paternal e maternal.

Uma atitude adulta neste momento de separação é, com o mesmo amor onde se doou para uma relação, retirar-se dela, sabendo que isso é o melhor para ambos, recolocando tudo novamente em prosperidade, apesar do processo ser momentaneamente doloroso. Mágoas podem ser perdoadas e rancor pode ser descartado, diante de uma perspectiva melhor de vida. Estes sentimentos irão terminar com o corte bem-feito. Irão dar lugar para a esperança de um novo amor, calcado em uma nova sabedoria, novas perspectivas.

Tal como uma casa, sobre novos pilares, que somente espera para ser construída.

Alexandre Martin é médico especialista em acupuntura e com formação em medicina chinesa e osteopatia (xan.martin@gmail.com)

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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