Opinião

O que a tecnologia está fazendo conosco?

10/06/2023 | Tempo de leitura: 3 min

A tecnologia trouxe muita eficiência e produtividade à nossa vida nos últimos anos, porém todo este desenvolvimento tecnológico também causou um desenvolvimento nas desordens musculoesqueléticas, pois se utilizada com exagero, estes dispositivos altamente tecnológicos têm prejudicado nossa saúde.

Na rua, vejo as pessoas tropeçando, trombando com o poste, ao fixar sua atenção na tela do celular. Quem nunca fez isso? Estudos sugerem que passamos em média 9 horas na internet, sendo 3 horas em redes sociais por dia. Um estudo de Ashok e colaboradores de 2020, colocou que jovens que passam mais do que 3 horas por dia em gamers têm um risco acentuado de desvios posturais na cervical, como a anteriorização da cabeça, sendo que estes jovens estão se adaptando às más posturas e desenvolvendo síndromes dolorosas além de lesões por esforços repetitivos.

Os incômodos relacionados ao uso de smartphones, vídeo games e computadores são dores no pescoço, nos ombros, nas costas, diminuição da amplitude de movimento, diminuição da força dos braços, tensões nestas áreas citadas, sensibilidade, dormência em braços e mãos, diminuição da capacidade respiratória, diminuição da imunidade, irritabilidade, dor crônica de garganta, hérnias de disco cervicais e torácicas, câimbras, dores na articulação temporomandibular, e por aí vai. Perda de saúde geral!

Ao manter a cabeça flexionada para baixo, olhando para o celular, como muitos ficam, há uma grande sobrecarrega a coluna cervical. A nossa cabeça pesa em torno de 5 kg, mas quando em posição inclinada para frente, o peso imposto à coluna cervical (pescoço) aumenta drasticamente. Quanto maior for a inclinação, maior será a carga imposta à coluna. Essa carga sobe para 12 kg em um ângulo de 15 graus, 18 kg a 30 graus, 22 kg a 45 graus e 27 kg a 60 graus.

Para se ter uma ideia, 60 graus de inclinação seria o ângulo de quando estamos teclando ou olhando alguma coisa no celular, o significa uma carga equivalente de 27 quilos para a musculatura do pescoço.

Se pensarmos que as pessoas estão gastando em média, de duas a quatro horas por dia com suas cabeças inclinadas sobre seus smartphones, isso totaliza 700 a 1400 horas por ano de excesso de estresse sobre a coluna cervical. Sendo que os estudantes gastem um extra de 5000 horas em uma má postura ao ano. Isso tinha que dar errado!

Por este motivo, esta era dos smartphones está levando cada vez mais crianças e adolescentes ao consultório dos médicos. Aumentou muito a incidência de dor na região cervical em faixas etárias mais jovens. Porém os adultos e a melhor idade também têm utilizado demasiadamente seus dispositivos eletrônicos, seja no trabalho ou em casa, todos ficam o tempo todo com o celular na mão, já perceberam?

Não é raro os usuários sofrerem também de "falsa miopia", um tipo de contração demasiada da musculatura dos olhos, que acontece quando a vista é forçada por muito tempo. Fora a insônia, já que a luz inibe a produção de melatonina, hormônio regulador do sono.

Como não é possível fugirmos destas tecnologias que causam tais problemas, deveremos nos conscientizar a usar os equipamentos em uma melhor posição e evitar tantas horas de uso por dia. O segredo é usar com moderação. Muita saúde a todos.

Liciana Rossi é educadora física (licianarossi@terra.com.br)

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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