Opinião

Quem me salva

08/06/2023 | Tempo de leitura: 3 min

Escrevo esta crônica impregnada pela homilia, na festa da Santíssima Trindade, do Padre Márcio Felipe de Souza Alves, Reitor do Santuário Diocesano Santa Rita de Cássia. Disse sobre a Comunhão de Amor entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo e destacou esses sinais nas Leituras da Liturgia do dia como o Senhor que desceu da nuvem, permaneceu com Seu povo e caminha conosco (Êxodo 34,4-9); de São Paulo que nos convida a cultivar a concórdia e a vivermos em paz, e o Deus Amor e da paz estará conosco (2 Coríntios 13, 11-13) e o Evangelho (3, 16-18), em que São João proclama que Deus amou tanto o mundo que nos enviou o Seu Filho, não para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por Ele.

É esse Amor além que tece texturas macias de encontros e reencontros. Já experimentei diversos deles. O encontro e o reencontro mais pleno de Amor, no entanto, é com Jesus Eucarístico.

É esse Amor que compõe claridade para que eu possa, embora indigna, recebê-lO na Eucaristia.

Em uma de suas máximas, São Filipe Neri escreveu: "Nosso doce Salvador permaneceu conosco no Santíssimo Sacramento por um excesso de amor".

No dia de hoje: Corpo de Cristo. "Graças e louvores sejam dados a todo momento ao Santíssimo e Diviníssimo Sacramento". Eucaristia: união com Deus e com os irmãos.

Quem me salva é o Senhor. Salva de não retornar, de perder a esperança, dos temores e dos dissabores, da anemia da alma, dos despenhadeiros, do murmúrio do mundo, da solidão. Quem me salva é o Senhor que alimenta meu coração e minha alma com Seu Corpo e Sangue. Que alegria em alimentar-me dEle e com Ele conversar na Comunhão. Temos sempre tantas coisas a dizer.

Recordo-me do bem que o Senhor me fez assim como à minha família a fim de que não nos perdêssemos e nem desistíssemos nas tormentas. Faço memória da joia que me ofertou ao me aproximar dos excluídos. Lembro-me de que, em momentos de festa e luto, não me abandonou.

Como escreveu o Padre Gabriel de Santa Maria Madalena, OCD, no livro "Intimidade Divina": "Vítima e Sacerdote se identificam no Filho de Deus humanado, o qual se ofereceu sem mancha a Deus. Tem, Seu Sangue, poder de purificar nossa consciência das obras mortas, a fim de servirmos ao Deus vivo". E cita o cônego agostiniano John van Ruysbroeck (1293-1381): "Sois para mim mais doce que o mel, superior a toda doçura que saborear se possa".

A Mesa da Palavra e da Eucaristia me convidam a "Viver de Amor", como escreveu Santa Teresinha do Menino Jesus e da Sagrada Face: "...Viver de Amor, é viver da Tua vida, / Delícia dos eleitos e glorioso Rei;/ Vives por mim numa hóstia escondido, / Escondida também por Ti eu viverei! (...) Viver de Amor não é, nesta terra, / A nossa tenda armar nos cumes do Tabor;/ É subir o Calvário com Jesus, / Como um tesouro olhar a cruz! (...) Viver de Amor é velejar sem descanso, / Semeando nos corações a paz e a alegria. / Timoneiro amado, a caridade me impulsiona, / Pois te vejo nas almas, minhas irmãs. / A caridade é minha única estrela/ E, à sua doce luz, navego noite e dia, / Ostentando este lema, impresso em minha vela: 'Viver de Amor'!"

"Logo, se eu, vosso Senhor e Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar-vos os pés uns dos outros'." (Jo 13, 14).

Corpus Christi. Festa do Amor.

Maria Cristina Castilho de Andrade é professora e cronista (criscast@terra.com.br)

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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