
No dia 18 deste mês, um bebê chamou a atenção mundial por ter nascido com mais de 7 quilos no município de Parintins, no interior do Amazonas. Segundo os registros da unidade de saúde, Angerson Santos é o maior bebê já registrado no estado. Porém, a macrossomia, termo utilizado para definir um feto-grande superior a quatro quilos, pode acarretar desafios no parto, pós-parto e durante o crescimento da criança.
Em Jundiaí, o Hospital Universitário, referência obstétrica na rede pública de saúde, registrou em 2022 uma média de pesos entre recém-nascidos de 3,078 kg. Segundo o ginecologista e obstetra do HU, Ricardo Maia, 5% dos nascimentos por ano no Brasil são macrossômicos. "A maioria desses bebês não estão associados a nenhuma doença. Mas normalmente a macrossomia pode ser provocada pela diabete gestacional ou hiperglicemia materna. A obesidade e o ganho elevado de peso na gravidez também influenciam no peso do bebê", diz Maia.
Em suma, a condição pode obrigar a se fazer uma cesariana, para garantir mais segurança tanto para a mãe quanto para o bebê. "Além do risco de complicações e hemorragia no parto, bebês com peso elevado, mais de 4 quilos, têm mais riscos de mortalidade e alterações metabólicas, além de complicações na infância e até na fase adulta."
Porém, o pré-natal é de grande importância para identificar doenças e possíveis alterações que podem causar o aumento do bebê. Segundo a ginecologista e obstetra Patrícia Peres, todas as mães precisam de acompanhamento durante a gravidez. "Existem estudos que mostram as curvas de crescimento consideradas normais conforme a idade gestacional. Por isso o acompanhamento é importante, para avaliar se o bebê está acima ou abaixo do peso. Em torno de 37 semanas, é considerado normal o peso entre 2,5 quilos e 3 quilos, mas se o bebê nascer com 40 semanas é normal até 4,2 quilos, mas a maioria nasce em torno de 3,6 quilos", relata Patrícia.
Além da diabete ser o motivo mais comum para bebês macrossômicos, outros fatores também influenciam. Entre eles a genética, como pais muito altos e o ganho excessivo de peso. "Uma mãe com diabete gestacional, ou que faz o uso de insulina, por exemplo, acaba mandando uma quantidade maior de nutrientes para o bebê através do cordão umbilical, resultando em um peso maior. Por isso, essa mãe não pode chegar até as 40 semanas de gestação devido às complicações no parto", conta.
BEBEZÃO
Elaine Cristina Marinoto deu à luz ao seu filho Benício com 4,7 quilos e 50 centímetros. "A gestação foi super tranquila. Imaginava que ele seria grandinho, porque eu e meu marido somos altos, mas não que teria o peso que nasceu. Com oito meses, a obstetra falou que ele passaria dos 4 quilos e que o parto precisaria ser cesariana. Quando ele nasceu, todas as enfermeiras o chamavam de bebezão e até hoje é difícil de acreditar que nós não tivemos diabete", conta a mãe.
Já Sue Ellen Paris, mãe do bebê Dominick, relata que durante a gravidez sua barriga começou a crescer e pesar bastante depois dos seis meses. "Nos exames de ultrassom já víamos que ele tinha um peso acima do normal para o tempo gestacional. Então já nos preparamos comprando roupas e fraldas maiores. Ele nasceu com 4,3 quilos e todos na maternidade o chamavam de bebê gigante", relata.
Devido ao tamanho de Dominick, a mãe teve que fazer uma cesárea com 40 semanas e teve algumas complicações no parto. "Tive atonia uterina, em que o útero não contrai. Os médicos não conseguiam finalizar o procedimento. Perdi muito sangue e tive que receber uma transfusão. As médicas até orientaram não engravidar novamente, pois a chance de outra hemorragia é de 20%", diz.
MAIOR BEBÊ DA REGIÃO
Em 1990 nascia, em um hospital de Vinhedo, o jundiaiense Richard Mariano da Silva com 8 quilos e 61 cm, considerado até hoje o maior bebê do estado de São Paulo. Sua irmã mais velha, Michele Mariano da Silva, que ajudou em seus cuidados, relata que o nascimento de Richard foi um 'sucesso' na época. "Minha mãe era diabética e, durante a gravidez, sentia muito cansaço, até lavava a louça sentada. Ela pesava 69 quilos e, no final da gestação, estava com 114, mas como não tínhamos os recursos que temos hoje, não fazíamos ideia do peso do bebê. Foi feita uma cesariana e veio a surpresa para todos, um bebê com 8 quilos, sem diabetes e saudável."
Já nascendo com o tamanho de um bebê de seis meses, Richard acabou perdendo todas as roupas e enxoval, precisando de doações de amigos e familiares. "Muitas pessoas nos ajudaram na época. Eu também ajudava minha mãe a cuidar dele, mas como ele era grande e pesado, mal conseguia carregar. Conforme o tempo foi passando, ele voltou a ter o tamanho de uma criança da idade dele e teve uma infância normal", conta a irmã.
Hoje, aos 33 anos, o 'bebê de 8 quilos' tem apenas 1,70 de altura, pesa 86 quilos e leva uma vida normal. "Minha mãe sempre cuidou da minha alimentação e manteve uma dieta para que eu não engordasse. Sempre tive uma vida normal e nunca fui obeso ou apresentei problemas de saúde", relata.
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