Repulsa ao extremismo

10/01/2023 | Tempo de leitura: 2 min

Abro essa matéria sete dias após ter publicado outra cujo tema era "Chegou a hora da reconciliação e tolerância", repudiando os últimos acontecimentos ocorridos na Capital Federal. Onde uma penca de desordeiros, aproveitando a inaceitável a omissão na segurança do Distrito Federal, destruiu as icônicas sedes dos poderes da República. Os arruaceiros arrasaram o patrimônio público, ultrajaram a democracia e escarneceram as instituições, ou seja, ameaçando o Estado Democrático de Direito, cujos direitos dos cidadãos limitam do poder do estado.

Sem qualquer consideração e respeito aos símbolos nacionais, à lei e às noções básicas de civilidade, os extremistas disfarçados de patriotas depredaram obras de arte, vidros, móveis. Pareciam vândalos loucos, destruíam tudo que viam pela frente nos três magnificentes prédios que compõem a Praça dos Três Poderes. No Congresso Nacional, o primeiro alvo foi o plenário do Senado Federal. Em seguida, foram até o Palácio do Planalto, onde mais uma vez deflagraram cenas de selvageria. Na derradeira, avançaram sobre o Supremo Tribunal Federal, achincalharam a estátua da Justiça, obra icástica de Ceschiatti, para encobri-la de vergonha e cólera. Depois adentraram no prédio da Suprema Corte, arrancaram o brasão da República Federativa do Brasil. Além de destruir o plenário dos onze ministros, incumbidos de defender a Lei Magna do País, a Constituição Federal.

Assisti pelas mídias cenas criminosas tristes e deploráveis. Notei a ausência de qualquer resquício de liberdade de expressão, de patriotismo e muito menos de manifestação democrática. Vi em Brasília um grave atentado à soberania nacional. É inaceitável o argumento desprezível de que se tratava de manifestações espontâneas, pois está evidente que a Capital Federal foi vítima de um movimento extremista organizado por pessoas com poder econômico.

Notei ainda que os extremistas tiveram um tratamento benevolente e sutil das autoridades, falando diretamente, a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal "pegou leve" com esses vândalos. Não que concorde com as atuações estranhas do Ministro Alexandre de Moraes em várias situações, mas em reação ao desastre ocorrido, concordei com a determinação de afastamento do Governador Ibaneis Rocha, cujo pedido de desculpas não foi suficiente para se redimir com a República.

A farra antidemocrática ocorrida em Brasília não se limita somente ao Governo local, sendo necessário que o Ministério da Defesa esclareça o porquê da inércia das Forças Armadas, uma vez que os deflagradores da desordem estavam há meses acampados em área de segurança nacional. Todavia, que fique claro que aqueles brasileiros patriotas que foram com as suas famílias para a frente dos comandos do exército, manifestar pacificamente suas indignações políticas, não podem ser acusados de fazer parte dessa penca podre que destruiu parte da Capital Federal.

Apurar os responsáveis pela depredação e os financiadores do caos, envolvidos nessa odiosa marcha antidemocrática deve ser prioridade, pois não pode-se deixar impunes, os grupos extremistas que vandalizaram os poderes da República. Rogo que a democracia no Brasil permaneça inegociável e que os baderneiros extremistas que sujaram a República sintam na pele os rigores da lei.

José Roberto Charone é advogado (charoneadvogados.com.br)

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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