BRILHO

Modelos mirins: sonho e carreira

Além da beleza, espontaneidade, desenvoltura e carisma, o foco e o bom comportamento são atributos essenciais para as crianças

Por Giovanna Vianna | 09/10/2022 | Tempo de leitura: 5 min
Jornal de Jundiaí

Arquivo Pessoal

Gabrielly e Giulliany Carvalho
Gabrielly e Giulliany Carvalho

Passarelas, câmeras, luzes e holofotes são elementos presentes na carreira de modelos mirins. Com supervisão, orientação e sempre a presença dos pais, crianças dão os primeiros passos na carreira e seguem em frente para uma possível opção de trabalho e um sonho.

Muitos pais e familiares, ao perceberem o talento ou vontade da criança para o mundo da moda ou da publicidade, decidem procurar uma agência de modelo infantil. Além da beleza, espontaneidade, desenvoltura e carisma, o foco e o bom comportamento são atributos essenciais para um modelo mirim. Sonhos que devem ser construídos juntos.

Apaixonada pelo mundo da moda, Isabella Marchezini Chareli dos Santos, de 10 anos, iniciou na carreira aos 4 anos por incentivo de sua bisavó. Sua mãe, Priscila Marchezini Chareli dos Santos, conta que logo de início Isabella se identificou com a área. “Essa vontade de fotografar vem totalmente dela. Só que é um caminho bem difícil, a gente pensa ‘minha filha é linda, vai estourar’, mas não é assim. Crianças bonitas têm um monte então, nesse caso, não é somente a beleza. É preciso cursos, desenvoltura, aprender a se comportar diante as câmeras. É uma série de fatores”, relata a mãe.

 Ser mãe ou pai de uma modelo infantil também é ser um produtor, pois é preciso estar atento a alguns procedimentos fundamentais para evitar transtornos. “Em 2019 eu acabei caindo em um golpe. Me ligaram dizendo que a Isabella havia sido descoberta e que ela estava selecionada para fazer um teste para uma novela. Eu cheguei a procurar sobre a agência. Por ser nova não obtive muitas informações, mas resolvi tentar. Chegando lá me enrolaram e eu caí, acabei pagando para a agência e aquele teste não existia. Hoje procuro ter um cuidado maior, converso com outras mães em grupos específicos, trocamos experiências e indicamos as boas agências”, diz Priscila.

Apesar dos obstáculos, Isabella sempre se manteve firme na decisão de continuar tentando. “Já estive muito desanimada porque é uma área muito difícil, além de ser um mercado concorrido. Precisamos investir muito dinheiro em cursos e fotografias profissionais, mas depois que caímos no golpe eu perguntei se ela queria continuar com os testes e ela sempre dizia que não iria desistir. Comecei a procurar agências novamente e daí em diante ela começou a fotografar e fazer editoriais de moda e foram aparecendo novos trabalhos. Ela até já gravou uma web série e fez comerciais para algumas agências bancárias. A Isabella adora tirar fotos, vê-la evoluindo é realização para todos nós”, diz a mãe orgulhosa.

A carreira de modelos mirins está em ascensão, existem boas oportunidades no mercado e ampla variedade de mídias em que uma criança pode trabalhar. A forma como os pagamentos são feitos depende do acordo que a agência definir no contrato, mas a permuta costuma ser o método mais comum para as crianças. “A Isabella sempre ganha roupas e sapatos da marca que ela fotografa,  o que é bacana, pois ela pode escolher o que quer. A gente nunca se incomodou de não ganhar dinheiro, o que importa é ela estar fazendo o que realmente gosta”, finaliza Priscila.

 

TALENTO DUPLO

Aos 6 anos, as gêmeas Gabrielly e Giulliany Carvalho já possuem uma carreira como modelos. Representando Várzea Paulista, as duas são finalistas do concurso Miss São Paulo 2022 e ganharam o Miss Mirim Regional em 2020 e 2021.

A mãe das gêmeas, Nathália Prado, conta que as duas começaram a participar dos concursos aos 3 anos. “As pessoas próximas sempre nos incentivaram dizendo que elas tinham potencial e beleza para participar dos concursos, mas como são crianças, sempre respeitei a opinião delas. Após as duas concordarem, fizemos a inscrição e em 2020 ganharam o primeiro título de Miss Regional Várzea Paulista”, relata a mãe.

 Sempre incentivando as filhas a serem unidas, Nathalia também ressalta a importância de explicar sobre os compromissos, responsabilidades e possíveis rejeições. “As duas competem juntas por serem da mesma categoria e até então elas ganharam pelo fato dos jurados não saberem qual escolher. Elas têm consciência de que apenas uma pode ganhar algum dia. E também precisam aprender que mesmo sendo gêmeas, precisam ser independentes e que cada uma possui uma identidade”, diz.

Ser mãe e pai de modelo infantil é mergulhar de cabeça com as crianças, ter tempo, paciência e disposição de acompanhá-las. “Fico orgulhosa e, ao mesmo tempo preocupada, não podemos esquecer que são apenas crianças. Me dedico bastante às redes sociais e observo ao máximo o perfil de seguidores que deixam mensagens. Muitas agências acabam entrando em contato, porém algumas vendem sonhos e não cumprem com o que prometem, por isso, investi em mentoria e consultoria com profissionais capacitados para eu ser a própria agenciadora delas e assim evitar cair em golpes”, finaliza Nathalia.

 

CUIDADOS

 A CEO e sócia de uma empresa de eventos e assessoria de carreira, a Produção Brasil, Vanessa Bartocci, explica que as boas agências oferecem todo o suporte e apoio para ingressar no mundo da moda. “Você, ou seus filhos nunca serão abordados em shoppings, supermercados ou pelas redes sociais com promessas de trabalho, ou com a seguinte frase clichê: ‘Como você é linda, você tem exatamente o perfil que estamos procurando. Basta fazer um book e pagar essa taxa de agenciamento’. Fuja disso, as boas agências nunca irão te abordar”, aconselha.

 Ela ainda ressalta a importância da presença dos pais, não só por tratar-se de crianças, mas também norteá-las e auxiliá-las sobre o que é tudo aquilo, dando todo o suporte emocional necessário. “Tudo que fazemos é com os pais e não com as crianças. Quem decide o que a criança fará ou não durante o processo são eles, todo o processo do concurso, assessoria, é autorizado em contrato. Neste caso, a postura dos pais diante tudo isso é o que mais importa para a carreira dos filhos decolar ou fracassar. O conselho que eu dou é: mães e pais  sejam os empresários de seus filhos”, completa Vanessa.

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