ARTIGO

Sobre cotas nas universidades


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Assunto bastante polêmico que veio à tona por conta da aprovação de cotas para pessoas trans, travestis e não-binárias na UNICAMP - Universidade de Campinas. Confesso que tive de procurar no Google o que são pessoas não-binárias, pois desconhecia o termo.
Primeiramente, gostaria de esclarecer que não tenho nada contra as opções de cada um, as pessoas são livres para seguir suas vidas como quiserem. Isso é liberdade, é democracia.

Só não sei como se fará essa seleção. No edital diz que apenas é preciso as pessoas de autodeclararem trans, travestis ou não-binárias e já terão direito a disputar a vaga de cotistas, assim como já existe a cota para pretos, pardos e indígenas.

Quanto a esses últimos, acho válido pela questão de resgate histórico. Mas para trans e travestis, seria por quê? Por conta de serem discriminados? E os outros grupos? Obesos são muito discriminados porque a sociedade condena quem é gordo. Existe a cultura do físico perfeito, da cintura de pilão e barriga de tanquinho. Todo mundo lotando academias para ter o corpo perfeito. E falando em ser perfeito, existem muitas pessoas deficientes físicas que são discriminadas. Não deveriam ter cotas nas universidades também?

E na verdade, os que mais necessitam de cotas, são os que não têm posses e nem  chances de estudar nos melhores colégios e de frequentar caros cursinhos preparatórios para vestibulares.

O que estou contestando, não é o sistema de cotas, e sim a vulnerabilidade da concessão, em que a pessoa se autodeclara e pronto, não precisa de mais nada. Num país onde reina a mentira e as fakenews, a pessoa pode declarar ser o que quiser, mesmo sem sê-lo.

E os verdadeiros estudiosos, que se ralam de estudar, levam o estudo a sério, perdem sua vez para quem não estudou e nem tem capacidade. E a longo prazo, estaremos formando profissionais cada vez menos capacitados.

Segundo dados do Comvest  - Comissão Permanente para os Vestibulares da Unicamp, 279 candidatos se inscreveram se autodeclarando numa dessas categorias e 40 tiveram suas vagas garantidas em cursos como Audiovisuas, Ciências Biológicas e Medicina.

Li faz um tempo sobre um caso que rendeu muita polêmica, de irmãos gêmeos, que nasceram um louro de olhos azuis e o outro negro, certamente herança genética de ancestrais dos pais. Um deles foi aprovado para o sistema de cotas, mas o louro de olhos claros não foi aceito, sendo que ambos eram afrodescendentes.

E eu pergunto: houve justiça nesse caso? E também, não existe uma linha divisória definindo quem é pardo ou branco.

Para finalizar, enfatizo que não sou contra o sistema de cotas, e sim dos critérios adotados para essa inclusão. Sou sempre a favor da justiça em todas as esferas, da ética, da proteção e respeito aos direitos de cada um. E aqui estou expressando meu livre direito de opinião, expressão e pensamento.

Ivana Maria França de Negri é escritora.

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