
Reconhecido como um dos polos mais expressivos de comércio eletrônico do interior paulista — e, possivelmente, do Brasil — o e-commerce de Franca também está no radar das discussões sobre as novas taxações impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. As recentes medidas adotadas pelo governo americano têm gerado preocupações entre vendedores e lojistas, que especulam sobre os possíveis efeitos no futuro do comércio eletrônico brasileiro e, por consequência, no cenário local francano.
De acordo com William Israel, diretor executivo da ExpoEcomm, as tarifas impostas pelos EUA não afetam diretamente o e-commerce brasileiro no que diz respeito à importação direta. Isso se deve ao fato de que o Brasil já conta com uma política própria de taxação: produtos de até 50 dólares podem ser tributados em até 40%, enquanto mercadorias com valores superiores podem chegar a uma alíquota de 90%. Dessa forma, o impacto imediato para os consumidores que compram de sites internacionais segue limitado.
Contudo, os efeitos indiretos podem ser mais significativos, especialmente para fabricantes e revendedores nacionais. William destaca que, mesmo sem retaliações do governo brasileiro, existe uma janela de oportunidade para o aumento das exportações brasileiras — o que, embora positivo em nível global, pode reduzir a oferta de matérias-primas no mercado interno e elevar os custos de produção local. “Estamos vivenciando uma reconfiguração significativa do mercado globalizado, cujas consequências serão percebidas de forma mais clara nos próximos meses”, afirma.
Outro ponto de atenção levantado por William é o risco de a China redirecionar ao Brasil o excedente de produtos que antes eram exportados para os Estados Unidos. Caso isso ocorra com preços muito competitivos, o varejo nacional, já pressionado por altos tributos e custos operacionais, pode enfrentar ainda mais dificuldades para se manter competitivo.
Pequenos empreendedores e os desafios da nova realidade
No atual ambiente digital, qualquer pessoa com acesso à internet pode se tornar um empreendedor. Marketplaces oferecem plataformas acessíveis para que pequenos fabricantes e lojistas vendam seus produtos diretamente ao consumidor final. No entanto, esses microempreendedores também estão expostos às oscilações do mercado internacional.
“As pequenas empresas têm menos poder de barganha e mais dificuldade de acesso a crédito. Quando a cadeia de suprimentos é impactada, elas sentem os efeitos com mais intensidade. Por outro lado, sua agilidade é uma grande vantagem. Pequenos negócios conseguem mudar de estratégia rapidamente, inovar e se adaptar ao novo cenário com mais facilidade”, analisa William.
Ele destaca ainda que, mesmo em meio à incerteza, existem caminhos práticos para enfrentar os desafios. A adversidade pode forçar empreendedores a repensar suas estratégias, desenvolvendo novos produtos e serviços mais adequados à nova realidade. “Os maiores saltos de inovação costumam surgir em tempos de crise. A escassez de recursos e os desafios do mercado forçam o empreendedor a sair da zona de conforto e buscar soluções mais eficientes, sustentáveis e acessíveis”, pontua.
Embora o cenário ainda seja incerto, há otimismo entre os empresários. As transformações no comércio global exigem atenção e planejamento estratégico por parte de quem atua no setor, especialmente os que estão começando agora. “Estamos diante de uma guerra comercial de grandes proporções, e ainda não temos clareza sobre os desfechos. Podem surgir tanto novas oportunidades quanto restrições. Cabe aos empresários, ao governo e à sociedade observar de perto esses movimentos e tomar decisões inteligentes para enfrentar os desafios que virão”, concluiu William.
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Comentários
1 Comentários
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Empresário 14/04/2025Já participei de inúmeros eventos como este, mas a sensação que tenho é que esses palestrantes da commecom e expoecom pensam que os empresários são uns acéfalos, eles vem aqui só pra vender mensalidade de suas agências e sonhos furados. É cada palestra que dá sono e preguiça! Aí depois vendem seus dados e ficam te abordando por meses para tentar te vender um serviço que qualquer estagiário faz.