
Setembro Verde é o nome da campanha que busca conscientizar a população sobre a doação de órgãos no Brasil. O dia 27 do mês, em especial, marca o Dia Nacional da Doação de Órgãos, uma data que tem como objetivo incentivar o diálogo sobre o tema entre familiares, já que, de acordo com a lei, a decisão de doar os órgãos de uma pessoa que morreu cabe exclusivamente à família dela.
Em 2023, o Brasil registrou um recorde de transplantes em comparação com os últimos dez anos. Foram 3.060 doadores, número que permitiu a realização de 6.766 transplantes, um aumento de 11% em relação ao ano anterior.
O francano Fabrício Flávio Pereira, de 27 anos, é uma das pessoas que tiveram a vida transformada pelo ato de solidariedade. Ele perdeu os rins aos 15 anos, de forma inesperada. "Eu medi minha pressão e estava 20 por 12. Para um adolescente, não era normal. Fiz hemodiálise e diálise por um ano e seis meses. Foi um período de muito sofrimento e luta diária para mim e minha família".
Em 2014, o rapaz ouviu a notícia que traria esperança e, futuramente, mudaria sua vida: "Recebi uma ligação dizendo que tinham conseguido um rim para mim. Esse transplante me deu uma nova oportunidade de vida. Hoje, sou um novo homem, graças a esse gesto de doação."
O trabalho dos profissionais de saúde é fundamental para que histórias como a de Fabrício se tornem realidade. Willian Liboni, enfermeiro da Cihdott (Comissão Intra-hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes) da Santa Casa de Franca, explica que a equipe é responsável não só pela identificação de potenciais doadores, mas também pela realização de todo o processo de captação.
"Nós participamos desde a constatação da morte encefálica até o momento em que o corpo é devolvido à família. Nosso objetivo é garantir que esse processo seja feito com o máximo de respeito e dignidade", afirmou.
Nos últimos dois anos e meio, Franca teve autorizações para captação de três corações, quatro pulmões, um pâncreas, nove fígados, 30 rins e 240 córneas, o que demonstra a crescente conscientização sobre a importância da doação de órgãos. Esses números refletem não apenas o empenho das equipes médicas, mas também a generosidade de famílias que, mesmo em momentos de dor, optam por salvar vidas através da solidariedade.
Willian destaca a importância de conscientizar a população sobre o impacto das doações. "No Brasil, estimamos que 43 mil pessoas aguardam na fila por um transplante. Algumas doenças só podem ser combatidas através desse método, como é o caso de pacientes com insuficiência renal. Sem o transplante, eles precisam ficar horas em uma máquina de diálise. A doação permite que voltem a ter uma vida normal", explicou o enfermeiro, que também fez questão de ressaltar o trabalho educativo realizado pela comissão em faculdades, escolas e unidades de saúde para promover a doação de órgãos.
Nanci Dias, também enfermeira da Cihdott da Santa Casa de Franca, compartilha a importância de cada autorização familiar para o processo acontecer. "Saber que quem recebeu o órgão está bem nos incentiva a melhorar ainda mais o nosso trabalho. Temos certeza de que cada doação é uma oportunidade de vida para quem não tem mais esperança. Às vezes, a gente nem fica sabendo quem vai receber os órgãos captados em Franca, mas é muito gratificante saber que você contribuiu para a melhora de alguém".
A enfermeira também destaca o papel da campanha Setembro Verde na conscientização sobre a doação de órgãos. "É uma oportunidade importante para falarmos sobre o tema. A campanha tem o objetivo de sensibilizar a população sobre a importância de dizer sim à doação, que é um ato que salva vidas. Nosso trabalho aqui, na Santa Casa, é realizado com muito respeito e humanização, sempre focando em oferecer o melhor acolhimento possível para as famílias que passam pela perda de um ente querido".
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